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Investidor exige que McDonald’s alivie sofrimento animal

Ativista que atua no mercado argumenta que a empresa não cumpriu a promessa de eliminar o uso de gaiolas gestacionais, baias apertadas que provocam maus tratos desnecessários em porcas

Um dos investidores ativistas mais implacáveis e temidos dos Estados Unidos, Carl Icahn (imagem) escolheu um novo alvo: o McDonald’s. O bilionário de 86 anos indicou dois nomes para o conselho de administração da gigante do fast food para forçar os fornecedores da empresa a dar melhor tratamento aos porcos.

Desta vez, segundo uma reportagem do The Wall Street Journal, trata-se de uma questão pessoal. Por intermédio de sua filha, ele soube detalhes das condições em que são mantidas as porcas prenhas. O investidor argumenta que o McDonald’s não cumpriu sua promessa de eliminar o uso das chamadas gaiolas gestacionais, pequenas baias nas quais as porcas são alojadas durante a gestação e que, segundo defensores de direitos animais, representam uma crueldade desnecessária.  Estima-se que entre 60% e 70% delas passem a gestação praticamente impedidas de se mexer.

Em entrevista ao WSJ, Icahn informou que os fornecedores estavam retirando as porcas dessas pequenas baias apenas de quatro a seis semanas de gestação – a duração total da gravidez do animal é de 16 semanas. Segundo o investidor, ele foi motivado a atuar nesta causa por sua filha, uma amante dos animais.  

O objetivo da prática, segundo a entidade The Humane League, é usar os animais como “máquinas reprodutoras”. A filha de Icahn, vegetariana, trabalhou nessa ONG. “Para dar conta da demanda pela carne, as porcas são forçadas a produzir leitões continuamente. Estão entre os animais mais abusados do planeta”, afirma a entidade.

Icahn já havia pressionado o McDonald’s há dez anos para que a rede deixasse de comprar de fornecedores que adotam essa prática. Na ocasião, a empresa se comprometeu a oferecer somente carne livre desse tipo de crueldade até 2021. A promessa deixou de ser cumprida.

O McDonald’s confirma a queixa ao afirmar que 60% da sua carne de porco não está associada a essa prática e que até o fim do ano o percentual deve chegar a 90%. “Embora a empresa esteja determinada a promover a colaboração na indústria a respeito dessa questão, a atual oferta de carne de porco nos Estados Unidos torna impossível um compromisso desse tipo”, afirmou a companhia em nota.

Icahn acusa os produtores de suínos de dar um “jeitinho”. Em vez de manter os animais enjaulados durante toda a gestação, os removem do confinamento entre quatro e seis semanas após a confirmação da gravidez, que dura quatro meses.

Briga diferente

“Animais são uma das poucas coisas que me emocionam”, exaltou Icahn. Ele afirmou ter carinho especial pelos porcos, por causa da inteligência da espécie. Contudo, ao que tudo indica, a briga não significa que o investidor bilionário seja o mais novo convertido às causas sustentáveis. Mesmo dentro do universo do sofrimento animal, Icahn não demonstrou até agora ter o mesmo tipo de preocupação com galinhas ou bovinos, que também têm sua carne servida na rede de lanchonetes. Seja qual for sua motivação real, entretanto, seu nome traz medo aos altos escalões de qualquer empresa.

A campanha para adquirir o controle da extinta Trans World Airlines (TWA), em 1985, lhe rendeu a fama de “pirata corporativo”. O personagem Gordon Gekko, interpretado por Michael Douglas no filme “Wall Street” – famoso pela frase “ganância faz bem” -, seria em parte inspirado nele, que tem uma fortuna estimada de US$ 17 bilhões.

Em nota oficial divulgada no domingo (20), e num sinal de que a guerra de opinião pública já começou, o McDonald’s aponta uma suposta incoerência no posicionamento do investidor. “O sr. Icahn tem a maioria das ações da Viskase, empresa que produz e fornece embalagens para as indústrias de carne de porco e frango. Isso lhe dá uma exposição única aos desafios e oportunidades do fim das jaulas de gestação. Portanto, é digno de nota que o sr. Icahn não tenha se manifestado publicamente para que a Viskase assuma compromissos semelhantes ao que o McDonald’s anunciou em 2012.”

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