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Exame: Empresário fatura R$ 150 milhões por apostar na ‘Disneylândia do agro’

Rubens Inácio criou a Texas Center, uma mega loja em Goiânia

Rubens Inácio nasceu em Anápolis, Goiás, mas cresceu no interior do Pará, em Redenção. Filho de uma família ligada ao campo, viveu a infância numa fazenda onde a eletricidade só chegou anos depois. Ali, ainda menino, começou a entender de perto a lógica do agro: plantar, cuidar, colher. Aos oito anos, já ganhava dinheiro vendendo passagens de carro e frutas que transportava da fazenda para a cidade.

Aos 15, emancipado, já fazia parte do contrato social de uma empresa de peças agrícolas. Com espírito de vendedor nato, Rubens decidiu cursar veterinária em Goiânia, mas trocou o curso por administração. Trabalhou na construtora da família no Pará antes de voltar para Goiás em 2011, decidido a construir sua própria história.

Com pouco dinheiro, um carro e uma égua como parte do capital, comprou uma empresa de produtos cárneos. Mas o verdadeiro ponto de virada viria dois anos depois. Em 2013, Rubens e o sócio Kaio Cesar Pires fundaram a Texas Center, uma megaloja voltada para quem vive o agro e admira o estilo de vida country.

A ideia era clara: criar mais do que uma loja, um espaço de experiência para o público rural. A aposta era unir moda, esportes equestres, gastronomia e decoração em um só lugar. “Não era só vender bota, chapéu e camisa xadrez. Era criar uma referência para quem carrega no peito o orgulho de ser do agro”, afirma Rubens.

O sucesso foi imediato. A loja, com 2.400 metros quadrados em Goiânia, se consolidou como o maior complexo western da América Latina e ganhou o apelido de “Disneylândia do Agro”. No espaço, além de roupas e acessórios, há chapelaria, selaria, restaurante, barbearia e eventos temáticos como a Semana GO Horse e o Dia do Pecuarista.

O nascimento da TXC

Em 2015, um roubo que levou 250 mil reais do estoque da Texas Center quase virou tragédia. Mas, impulsionado pela solidariedade de clientes e artistas sertanejos, Rubens encontrou uma nova oportunidade: lançar uma marca própria de roupas, a TXC (Textile Xtra Company).

O primeiro lote foi um sucesso. As 1.800 peças, entre camisas e bonés, se esgotaram em uma semana. A TXC rapidamente encontrou seu público: homens e mulheres do interior que queriam roupas de qualidade, com estilo western e identidade agro.

Hoje, a TXC é uma potência no setor de moda rural. Em 2025, deve faturar mais de 150 milhões de reais por ano. Com 56 lojas físicas, a marca está presente em 3.000 pontos de venda multimarcas e projeta chegar a 100 unidades franqueadas até o fim de 2025.

No ranking EXAME Negócios em Expansão 2024, a TXC ficou na 30ª posição na categoria de negócios entre 30 e 150 milhões de reais. , com crescimento de 54,92% na receita operacional líquida ao longo de 2023.

A marca aposta forte na conexão emocional com o campo. “Produzimos para quem produz”, resume Rubens, reforçando o slogan que virou assinatura da TXC.

Varejo ‘raiz’

O crescimento da TXC é sustentado por um modelo de franquias. Para abrir uma unidade, o investimento varia de 400 mil a 600 mil reais, com retorno estimado em até 36 meses.

Além disso, a marca aposta na distribuição por multimarcas e no fortalecimento da presença em cidades médias e regiões rurais, onde a cultura agro é predominante. O portfólio inclui camisetas, polos, jeans, bonés (os mais vendidos do Brasil) e coleções sazonais. Em 2025, a TXC lança a linha Desert Nomad, inspirada nas tradições indígenas Navajo e nos desertos americanos, marcando o primeiro passo da expansão internacional da marca.

A produção é terceirizada, com 80 fornecedores nacionais, e foco em rastreabilidade de matéria-prima, especialmente o algodão. A logística é pensada para atender tanto o atacado quanto o varejo, com , com forte presença digital, mas sem abandonar o valor das lojas físicas.

“O contato presencial é insubstituível. A loja é onde criamos conexão de verdade”, afirma Rubens.
Desafios e expansão. O maior desafio para a TXC, segundo Rubens, é manter a identidade enquanto amplia sua presença nas capitais e planeja a entrada no mercado internacional.

A meta é crescer 25% na carteira de clientes até o final de 2025, conquistar novos mercados na América Latina e fortalecer ações com influenciadores e cantores sertanejos. A empresa também prepara a Imersão Varejo Raiz, evento que Rubens idealizou para compartilhar sua experiência no varejo fora dos grandes centros urbanos. “Quem vence no interior vende em qualquer lugar. A realidade aqui é outra: logística difícil, cliente exigente e muito menos glamour”, diz.

Outros negócios

Além da TXC e da Texas Center, Rubens Inácio administra negócios em agropecuária, eventos, compra e venda de propriedades rurais, securitizadora e mercado imobiliário. Suas fazendas no Pará produzem proteína bovina exportada para a China, reforçando sua ligação com o setor que moldou sua vida.

“O agro não é só parte da minha história. Ele é a minha história”, diz Rubens. “Foi no campo que aprendi disciplina, resiliência e o valor do trabalho.” Com 2.400 hectares sob sua gestão e centenas de colaboradores diretos e indiretos, Rubens vê seu papel como o de construir um legado.

“Mais do que números, quero deixar valores. Quero que as marcas que fundei sejam lembradas pela lealdade, pela conexão com o cliente e pelo orgulho do agro brasileiro.”

O futuro no horizonte

Os próximos passos de Rubens e da TXC incluem a abertura de franquias internacionais, a expansão das linhas de produto, o fortalecimento do e-commerce e o lançamento de um livro contando sua trajetória.

Além disso, Rubens quer usar sua experiência para formar novos líderes no varejo, especialmente aqueles que atuam longe dos grandes centros.

“Eu acredito no varejo nacional, mas é preciso mudar a mentalidade. Quem entender que hoje o varejo é relacionamento, não apenas venda, vai sair na frente”, afirma.

Para Rubens Inácio, o sucesso é medido não só pelo tamanho das lojas ou pelo faturamento, mas pela capacidade de manter a essência. “Respeitar de onde a gente vem. Honrar o agro. Levar orgulho para para quem planta, cria, colhe e constrói esse país de verdade.”

Por Leo Branco

Publicado originalmente em: cutt.ly/SrjheCdg

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