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Exame: Como a Nestlé vem usando IA nas fábricas

Gerente da empresa explica como a gigante de alimentos e bebidas está se transformando desde meados dos anos 2000

Quando falamos ou pensamos em inteligência artificial, estamos tratando de um conceito amplo. Do atendimento pelo WhatsApp via bot a recomendações de compras em sites, diversas cadeias da economia estão integradas a essa nova tecnologia. Na parte de alimentos e bebidas não é diferente.

Em 2021, a Nestlé, quando falar de IA não era tão presente como hoje, a empresa suíça resolveu implantar um programa de treinamento no assunto para alguns funcionários do “chão de fábrica” no Brasil. A companhia resolveu criar a Academia de Inteligência Artificial para levar esse conhecimento e implementar soluções tecnológicas no parque fabril brasileiro – hoje composto por 18 unidades, contando com as fábricas do Grupo CRM e Puravida.

Num recorte histórico, a popularização da discussão sobre IA veio no final de 2022, com o mundo conhecendo mais a fundo sistemas como o ChatGPT, trazendo uma revolução que ainda estamos tentando entender.

A IA em nossa mesa do café

A iniciativa da Nestlé formou mais de 60 pessoas, entre eletricistas, engenheiros, especialistas em automação, analistas e coordenadores. Neste ano, tem como meta treinar cerca de 15 profissionais. 

E como esse treinamento pode ser “sentido” pelo público? Um exemplo é um sistema vindo da Academia que monitora o processo de secagem do leite em pó. A IA compara os históricos dessa tarefa e consegue elaborar um alerta entre 10 e 15 minutos de antecedência do risco da tubulação entupir durante o procedimento.

Outra técnica desenvolvida pela Academia da Nestlé trata da torra do café. “Queremos ter um padrão de cor e umidade. Hoje, com IA, depois de três torras, entendemos o padrão do blend e voltamos com o machine learning. Ela vai me dizer o vai acontecer antes da torra acontecer. Temos assim oscilações mínimas. Garanto um padrão para o consumidor”, explica Gustavo Moura, gerente executivo de Automação e Transformação Digital na Nestlé Brasil, em conversa exclusiva com a EXAME.

A edição de 2025 da Academia de IA tem duas trilhas simultâneas de aprendizado: uma para Machine Learning, com a criação de modelos que podem prever o tempo correto para a manutenção e de máquinas, e outra focada em Visão Computacional, vertente desenvolvida em parceria com o Instituição de Ciência e Tecnologia Atlântico, de Fortaleza, que explora tecnologias de deep learning para a análise de imagens e vídeos. 

“Desde meados dos anos 2000, com a evolução tecnológica, já tínhamos um ambiente de automação industrial robusto. Antes da bolha do GPT, tínhamos um ambiente propício para aplicar esses modelos. Faltava o treinamento”, diz Moura.

Segurança de dados e apresentação a diretores
Uma preocupação sempre envolvida com IA é a questão da segurança dos dados. Na Nestlé não foi diferente. A Academia não era aberta para qualquer um. Nas duas primeiras turmas, os convites foram direcionados para aqueles com mais experiência no setor tecnológico. A partir da terceira edição, abriu-se um pouco mais. “Os bons projetos começaram a ser rodados dentro da empresa e gerou burburinho entre os funcionários”, brinca o executivo. 

Com aulas online, uma vez por semana, a ideia da Academia é dar aos alunos a possibilidade de elaborar um projeto e apresentar num pitch de três minutos para a diretoria. Depois de feedbacks, os projetos voltam para uma janela de 3 a 4 meses para validação do modelo. A partir daí, a próxima etapa é mostrar os novos resultados para a diretoria da divisão técnica, , que decide se o projeto segue adiante para ser implementado.

“Dentro da divisão técnica, fomos um dos primeiros setores da Nestlé a engajar [com a IA]. Duvido que tenha alguma parte da companhia que ainda não esteja utilizando. Do campo até a mesa. A grande pergunta é: O que vou poder transformar e mudar usando a IA?’, diz Moura.

A Nestlé anunciou investimentos de R$ 7 bilhões no Brasil entre 2025 e 2028. No triênio anterior, a cifra ficou em R$ 6,5 bilhões. Nos últimos seis meses, as ações da companhia se valorizaram em mais de 11%.

Por Luiz Anversa

Publicado originalmente em: https://cutt.ly/RrW2YVW4

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