Estudo do Sebrae mostra que 4,9 milhões de jovens entre 18 e 29 anos atuam como donos de negócio; rendimento médio da categoria é o maior desde 2012
O Brasil registra um avanço significativo no empreendedorismo jovem. De acordo com um levantamento do Sebrae, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc), o número de empreendedores entre 18 e 29 anos cresceu 25% nos últimos 12 anos — passando de 3,9 milhões, em 2012, para 4,9 milhões em 2024. Além do crescimento em volume, o rendimento médio desses jovens atingiu o maior valor da série histórica: R$ 2.567 mensais.
O aumento reflete uma mudança no perfil e nas aspirações da juventude brasileira. Se antes a estabilidade no emprego formal era o principal objetivo, hoje muitos enxergam no empreendedorismo uma alternativa para alcançar autonomia financeira e realização profissional, sobretudo em um cenário de instabilidade econômica e escassez de oportunidades no mercado tradicional.
Apesar de ainda ganharem, em média, 31% menos que os empreendedores adultos — cujo rendimento médio é de R$ 3.477 —, os jovens donos de negócio têm reduzido essa diferença. Entre 2021 e 2024, o rendimento médio da categoria subiu 25,4%, superando o avanço da média nacional, que foi de 22,9%.
Perfil mais diverso e qualificado
O levantamento também traça um panorama do perfil dos jovens empreendedores brasileiros. A maioria (57%) se autodeclara negra (pretos e pardos), proporção superior à média geral de donos de negócio no país (53%). No recorte por gênero, os homens ainda são maioria (64%), mas a presença feminina, embora tenha tido leve retração em 2024, segue acima da média nacional de 34% entre os empreendedores em geral.
O nível educacional também chama atenção: 47,5% dos jovens têm ensino médio completo, 9% cursam o ensino superior, e 17% já são formados. O aumento da escolaridade sinaliza um novo perfil de empreendedor, mais preparado e com maior potencial para desenvolver negócios inovadores e sustentáveis.
Outra mudança importante diz respeito à responsabilidade doméstica. Em 2024, 37% dos jovens empreendedores passaram a ser chefes de domicílio — maior índice já registrado. O dado indica que, além de abrir negócios, esses jovens assumem o sustento familiar, o que pode influenciar diretamente em suas estratégias de gestão e busca por estabilidade.
Caminho para a formalização
O estudo também aponta avanços no processo de formalização. Em 2024, 27% dos jovens donos de negócio possuíam CNPJ, uma evolução em relação aos 22% registrados em 2015. A legalização dos empreendimentos é fundamental para o acesso a crédito, apoio institucional e consolidação no mercado.
Embora os dados mostrem um cenário promissor, desafios persistem — sobretudo no que diz respeito à desigualdade de rendimentos e à adaptação a um mercado cada vez mais digitalizado e competitivo. Ainda assim, o crescimento do empreendedorismo jovem e o aumento da remuneração sugerem que, com políticas públicas voltadas à capacitação e formalização, a tendência é de continuidade dessa transformação no perfil do trabalho no Brasil.
