CEO do banco admitiu que os resultados foram “decepcionantes” para investidores e anunciou que uma reestruturação será feita na companhia
O Credit Suisse informou nesta quinta-feira (27) que registrou prejuízo líquido de 4,03 bilhões de francos suíços no terceiro trimestre deste ano, revertendo lucro de 434 milhões de francos suíços em igual período de 2021. A perda foi maior que a prevista por analistas consultados pela FactSet, que esperavam saldo negativo de 413 milhões de francos suíços.
A receita, por sua vez, caiu 30% na base anual dos três meses encerrados em setembro, a 3,8 bilhões de francos suíços. Neste caso, as projeções apontavam para 3,99 bilhões de francos suíços.
O CEO do banco, Ulrich Körner, admitiu que os resultados foram “decepcionantes” para investidores e anunciou que uma reestruturação será feita na companhia. “Nosso novo modelo integrado será focado em Wealth Management, banco suíço, bem como gestão de ativos, e reestruturaremos radicalmente o banco de investimentos, fortaleceremos o capital e aceleraremos nossa transformação de custos”, disse.
O Credit Suisse também alertou que provavelmente registrará outra perda no quarto trimestre por causa dos custos relacionados à sua transformação.
O banco de investimento será radicalmente reestruturado nos próximos três anos, disse o Credit Suisse, depois que a unidade registrou um prejuízo antes dos impostos de 666 milhões de francos suíços. A unidade de gestão de patrimônio registrou saídas líquidas de 12,9 bilhões de francos suiços (US$ 13,3 bilhões) em meio à incerteza ligada à remodelação do banco.
Crise de confiança
O Credit Suisse enfrenta uma crescente crise de confiança após uma série de escândalos financeiros e o colapso de investimentos arriscados. Nos últimos anos, a empresa realizou várias apostas que deram errado, entre elas empréstimos de mais de US$ 30 bilhões ao fundo Archegos Capital Management, que entrou em falência. Uma investigação independente concluiu que houve falhas na gestão de riscos, levando à demissão de pelo menos nove executivos.
Cálculos de diferentes instituições sugerem que o banco suíço precisa entre US$ 4 bilhões e US$ 9 bilhões para se capitalizar. Diante do temor de que nem a venda de ativos seja suficiente, o Credit Default Swap (CDS) da companhia chegou a superar os 300 anos no início de outubro.