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CEO detalha como recolocar a Boeing nas alturas

Em entrevista, Kelly Ortberg fala sobre o contrato do caça F-47, mudanças na cultura corporativa, desafios com certificações e os planos para o futuro das aviações comercial e espacial

Em sua primeira grande entrevista desde que assumiu o comando da Boeing, em agosto de 2024, Kelly Ortberg explicou à Aviation Week os rumos que planeja para a empresa. A conversa ocorreu durante uma visita ao histórico pátio de montagem do 737, em Renton, Washington. Ortberg revelou que os pilares de sua estratégia para recuperar a imagem da fabricante após anos de turbulência: foco na execução de programas, reforma cultural e investimentos direcionados em defesa e novas tecnologias.

A Boeing foi atingida por sucessivos erros, com falhas no 737 MAX que ocasionaram dois acidentes que provocaram 346 vítimas fatais em em cinco meses, entre outubro de 2018 e março de 2019. Tudo ants da pandemia. Como resultado, 387 aeronaves entregues às companhias aéreas ficaram aterradas entre março de 2019 e dezembro de 2020, e novamente em janeiro de 2024. O que comprometeu o caixa, gerou greves e prejuízos acumulados desde 2019. Em 2024, a empresa ficou no vermelho em US 11,8 bilhões.

Um dos principais marcos sob sua liderança foi a obtenção do contrato bilionário com a Força Aérea dos EUA (Usaf) para o caça de sexta geração F-47, que poderá ser um divisor de águas para a Boeing. “É o maior investimento que já fizemos em defesa. Essa conquista reposiciona a Boeing no segmento de caças por décadas”, afirmou Ortberg.

Os futuros no ar



Rigor na execução e alerta sobre tarifas

Ortberg enfatizou mudanças na gestão dos contratos, aprendizado com erros passados para melhor alinhamento da cadeia de suprimentos. “Agora, garantimos que o contrato e o fornecedor estejam em total sintonia para evitar riscos no meio do desenvolvimento”, explicou.

Sobre o cenário internacional, o CEO demonstrou preocupação com tarifas de importação e retaliações comerciais, sobretudo da China. “A demanda global por aeronaves é alta, mas trocar de cliente no meio da produção não é simples”, afirmou, destacando conversas constantes com autoridades, incluindo o presidente dos EUA.

Espaço é prioridade, mas com foco

No setor espacial, Ortberg reafirmou o compromisso com programas de segurança nacional, como o X-37B, mesmo com incertezas sobre o futuro da Nasa e o possível fim do programa SLS. Sobre o protótipo X-66, que seria um caminho para substituir o 737, Ortberg justificou a pausa: “Redirecionamos recursos para tecnologias mais promissoras.”

Comercial: foco em certificações e modernização

Na aviação comercial, Ortberg destacou prioridades como concluir a certificação dos modelos 737 MAX-7, MAX-10 e do 777-9. “Estamos com quatro 777-9 em voo e o desempenho tem sido excelente. É uma plataforma transformadora”, afirmou.

Apesar do interesse crescente no segmento de mercado intermediário – como mostram iniciativas como a JetZero – Ortberg deixou claro que Boeing ainda não está pronta para lançar uma nova aeronave. “Estamos nos primeiros passos da recuperação financeira.”

Air Force One e cultura: mudanças em andamento

Ortberg revelou que o novo jato presidencial Air Force One, alvo de críticas do presidente Donald Trump, teve avanços significativos recentemente, com apoio do empresário Elon Musk. “Fizemos mais progresso nos últimos quatro meses do que nos últimos quatro anos”, afirmou.

A mudança de cultura interna é outra bandeira do CEO. Ele aposta na aproximação da liderança com a linha de montagem e já eliminou camadas gerenciais para acelerar decisões. “Mudança cultural não é um cartaz na parede. É comportamento visível da liderança”, declarou.

Redução de prejuízos e foco em contratos estratégicos

Ortberg também comemorou o primeiro trimestre sem baixas contábeis e citou o programa T-7 como modelo de sucesso após renegociação com a Usaf. “Estamos caminhando para uma abordagem de ‘ganha-ganha’ com os clientes.”

Serviços: foco no essencial, mas com flexibilidade

Por fim, Ortberg indicou que a divisão Boeing Global Services seguirá focada em suporte aos produtos da empresa, mas também manterá operações com peças genéricas por sua rentabilidade.

A entrevista deixa clara a complexidade do momento da Boeing, mas também o tom confiante de seu novo líder: “Temos o que é necessário para recuperar este negócio. O que precisamos agora é executar com excelência.”

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