Negócio inclui participações e imóveis do dono do banco; objetivo é reforçar capital enquanto se aguarda aprovação da venda ao BRB
O BTG Pactual fechou a compra de R$ 1,5 bilhão em ativos pertencentes ao empresário Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master. A operação, autorizada pelo Banco Central (BC) e pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), tem como objetivo reforçar a liquidez do Master, que enfrenta uma crise financeira mesmo após ter recebido, no início de maio, um empréstimo emergencial de R$ 4 bilhões do FGC.
Entre os ativos vendidos ao BTG estão participações relevantes nas empresas Light (15,17%) e Méliuz (8,12%), além de imóveis — como o prédio do hotel Fasano, no Itaim (SP) —, créditos, direitos creditórios, ações com participações inferiores a 5%, e participações privadas em diversas companhias. Algumas fatias menores de Vorcaro em empresas como Hapvida e Grupo Pão de Açúcar também fizeram parte da negociação. Já os ativos na mineradora Itaminas e na seguradora Kver foram inicialmente cogitados, mas ficaram fora do pacote final.
Apesar do reforço de capital, o empresário ainda busca uma solução definitiva para os ativos que não serão transferidos ao BRB, que firmou, em março, um acordo para comprar 58% do capital total do Master. A proposta, ainda em análise pelo BC, não inclui os ativos menos líquidos da instituição financeira.
Fontes próximas às negociações indicam que Vorcaro resistiu inicialmente a vender parte de seu patrimônio pessoal, mas acabou cedendo diante das dificuldades de caixa. As conversas com o BTG se arrastavam há meses, com envolvimento direto do chairman André Esteves. Embora o banco tenha negado propostas anteriormente, a atual transação foi tratada como parte de uma solução mais ampla para a situação do Master.
O BTG informou que não adquiriu qualquer participação no capital do Banco Master ou de empresas de seu conglomerado. O acordo envolve apenas a compra de ativos do portfólio pessoal de Vorcaro, com a exigência de que os recursos sejam usados na capitalização do banco.
Além do BTG, Vorcaro chegou a manter conversas com a holding J&F, dos irmãos Batista, e com gestoras interessadas em precatórios. Uma das alternativas em discussão era a criação de um fundo para abrigar ativos e passivos do Master, com eventual apoio do FGC e possível administração pelo próprio BTG. Essa estrutura permitiria a liquidação ordenada dos ativos, sem novas operações — um modelo conhecido como “run-off”.
Enquanto isso, o Banco Central aguarda a resolução sobre os ativos ilíquidos de Vorcaro para decidir se aprova a venda da fatia majoritária do Master ao BRB. O banco de Brasília, por sua vez, está contratando uma “fairness opinion” — parecer independente comum em operações complexas de fusões e aquisições — para validar a transação junto a autoridades e investidores.