Apesar do atraso, o país avança em digitalização e infraestrutura para melhorar o ambiente, aponta TMF Group
O nível de complexidade e burocracia fazem o Brasil permanecer entre os seis mais complicados do mundo para atuar, aponta a 12ª edição do Índice Global de Complexidade de Negócios (GBCI), elaborado pelo TMF Group. A classificação destaca o país como um dos mercados mais desafiadores para a operação de empresas.
De acordo com Maurício Catâneo, country head da TMF Group no Brasil, “a posição no ranking reflete tanto os desafios estruturais, como a complexidade tributária e contábil, quanto os avanços em digitalização e reformas regulatórias que vêm promovendo um ambiente mais ágil para negócios”.
O relatório avalia 79 legislações que somam 94% do PIB global e 95% dos investimentos estrangeiros diretos, utilizando 292 indicadores relacionados a conformidade fiscal, regulamentações trabalhistas, padrões contábeis e outros aspectos essenciais para a operação empresarial. No Brasil, o destaque permanece para a sobreposição dos sistemas tributários federal, estadual e municipal, que combinada com normas internacionais, como IFRS e US GAAP, exigem atenção constante das empresas e o auxílio de consultorias especializadas.
Além dos desafios regulatórios, o país vem investindo mais de R$ 2 trilhões em infraestrutura para aprimorar corredores comerciais, com melhorias em portos, rodovias, aeroportos e ferrovias. Essa movimentação tem o objetivo de facilitar o fluxo logístico e atrair mais investimentos estrangeiros, fortalecendo o ambiente de negócios.
O mercado de trabalho também apresenta características que influenciam a complexidade operacional, com modelos híbridos consolidados, estratégias de contratação flexível e adoção de ferramentas digitais para gestão da cadeia de suprimentos e compliance automatizado. Contudo, essas inovações também trazem novas exigências em transparência e supervisão regulatória.
“Fazer negócios no Brasil envolve lidar com múltiplas camadas de regulamentação e garantir conformidade em tempo real, principalmente em relação à fiscalização de transações financeiras e combate à lavagem de dinheiro”, destaca Catâneo. Ele acrescenta que, apesar dos desafios, o país está avançando em sua capacidade de inovação e competitividade no cenário global.
O GBCI também revela que a complexidade global é acompanhada por um cenário de incertezas políticas e econômicas, que afetam o planejamento de longo prazo das empresas. Jurisdições como Brasil, China e Costa Rica intensificam a fiscalização para aumentar a transparência e mitigar riscos, refletindo uma tendência mundial.
Entre as dez jurisdições mais complexas em 2025 estão Grécia, França, México, Turquia, Colômbia, Brasil, Itália, Bolívia, Cazaquistão e China. Já as menos complexas incluem Ilhas Cayman, Dinamarca, Nova Zelândia, Hong Kong e Holanda.