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Azul pede recuperação judicial nos EUA

Com passivo superior a R$ 31 bilhões, companhia aérea busca proteção sob o Chapter 11 para reestruturar suas finanças e garantir novos investimentos; anúncio gerou forte reação no mercado

A companhia aérea Azul protocolou nesta quarta-feira (28) um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, utilizando o mecanismo do Chapter 11. A medida visa à reestruturação de sua dívida, que alcançou R$ 31,35 bilhões no primeiro trimestre de 2025 — uma alta de 50,3% em comparação ao mesmo período do ano passado.

O pedido representa uma reviravolta na estratégia da empresa, que até recentemente descartava a possibilidade de acionar a justiça americana para proteção contra credores. A Azul vinha enfrentando dificuldades para levantar capital sem a salvaguarda da Corte dos EUA, mesmo após captar US$ 1,6 bilhão em negociações com credores e investidores.

Segundo comunicado ao mercado, o plano de reestruturação prevê, além do financiamento de US$ 1,6 bilhão, a captação de até US$ 950 milhões em novos aportes de capital ao longo do processo. Entre os acordos já firmados estão investimentos conjuntos de até US$ 300 milhões da United Airlines e da American Airlines, que passarão a ter participação na Azul. O pacote total de financiamento contempla US$ 670 milhões em capital novo, além do pagamento de parte da dívida existente. A expectativa da empresa é concluir o processo de reestruturação até o final de 2025 ou início de 2026.

A Azul informou ainda que pretende estender os efeitos da reestruturação ao Brasil. Para isso, contará com um comitê independente que acompanhará o processo e com a contratação de consultorias jurídicas e financeiras especializadas. O objetivo é preservar a sustentabilidade financeira da companhia e garantir a proteção dos interesses de credores e demais stakeholders.

“Tomamos a decisão estratégica de iniciar uma reestruturação financeira voluntária com um movimento proativo para otimizar a nossa estrutura de capital – que foi sobrecarregada pela pandemia da covid-19, turbulências macroeconômicas e problemas na cadeia de suprimentos da aviação”, afirmou o CEO John Rodgerson.

O Chapter 11, previsto na legislação dos EUA, assegura a suspensão automática da cobrança das dívidas assim que o pedido é protocolado. Isso permite que a empresa ganhe fôlego para negociar com credores e apresente um plano de reorganização, sem interromper suas operações.

Apesar da situação financeira delicada, a empresa assegura que suas operações seguem normalmente, incluindo passagens futuras, programa de fidelidade, compromissos com funcionários e fornecedores críticos.

O anúncio gerou forte reação no mercado: as ADRs da Azul chegaram a cair até 40% nas negociações de pré-mercado em Nova York, levando à suspensão temporária das negociações. A forte queda reflete a preocupação dos investidores com a capacidade da empresa de superar a crise.

A crise financeira da Azul é atribuída ao aumento do custo do capital, à desvalorização do real e à dificuldade de acesso a financiamentos. A companhia encerrou o primeiro trimestre com apenas R$ 655 milhões em caixa, uma queda de 51% frente ao ano anterior, e teve seu rating rebaixado por agências como S&P e Fitch.

Além dos desafios financeiros, a Azul enfrenta obstáculos operacionais, como a escassez de aeronaves e peças. Em resposta, a empresa adotou o modelo ACMI — que permite alugar aviões com tripulação estrangeira — e já firmou parcerias com companhias como a portuguesa EuroAtlantic. Novas negociações com a também portuguesa Hi Fly estão em curso para reforçar sua capacidade de operação.

A Azul reafirma seu compromisso com clientes, tripulantes e investidores, e aposta que a reorganização via Chapter 11 abrirá caminho para uma companhia “mais forte, resiliente e competitiva”.

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