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A TV vive uma mudança de modelo em seu aniversário de 70 anos

Ontem, a televisão brasileira completou setenta anos de existência. O início de tudo deve-se ao jornalista e empresário Assis Chateaubriand (foto), que inaugurou a TV Tupi em 18 de setembro de 1950. Uma década mais tarde, suplantaria o rádio como o meio de comunicação de massas mais abrangente do país e iniciaria uma escalada de sucesso que criou verdadeiros impérios. Depois de um certo predomínio da Tupi, a Record se apresentou como a maior audiência do país, posto que foi ocupado pela Globo a partir dos anos 1970.

Enquanto houve a ascensão da TV, o rádio teve de se reinventar. As estações de ondas curtas e médias, até os anos 1940, eram sinônimo de glamour. As novelas, os esquetes humorísticos e os programas musicais de auditório arrebatavam multidões e, com isso, o mercado publicitário despejava verbas maciças na programação radiofônica. Por conta disso, o cast das rádios era enorme. Uma delas, a Nacional, chegou a contar com cerca de 1 000 funcionários. A migração de anunciantes, no entanto, reduziu o faturamento e, assim, o modelo teve de ser repensado. Hoje, por exemplo, há rádios que funcionam com dez pessoas em sua administração.

No mundo digital de hoje, porém, são as emissoras de televisão começam a repensar suas estratégias, estruturas e programações. Um exemplo claro disso é o da própria Globo.

Nos últimos dias, a rede da família Marinho anunciou uma série de medidas de contenção de despesas. Desde o ano passado, não está renovando contratos com veteranos atores e atrizes que foram, em parte, responsáveis pelo sucesso conquistado entre 1970 e 2000. O casal Tarcísio Meira e Gloria Menezes foi a última vítima dessa nova política. Em função dessas decisões, acredita-se que, no futuro, dificilmente a Globo terá novamente um grande número de artistas exclusivos, como foi seu modelo até pouco tempo atrás.

O corte de gastos chegou até à programação esportiva, que rendia grandes pacotes de patrocínio em passado recente. A emissora renunciou à transmissão de Fórmula-1 e dos jogos da Copa Libertadores, um cenário que muitos julgavam impensável. De qualquer forma, não é a primeira vez que a Vênus Platinada desiste de transmitir as corridas da maior categoria do automobilismo mundial. Em 1980, não renovou o contrato com os donos dos direitos e a Band aproveitou a chance para mostrar as vitórias de um brasileiro que começava sua carreira – o futuro campeão Nelson Piquet. Enxergando o potencial daquele piloto, a Globo retomou o contrato e apresentou o primeiro título de Piquet, em 1981.

Desde que o Brasil não teve mais pilotos com chances na F-1 ou mesmo um único representante nesta modalidade, o automobilismo deixou de ser algo voltado para a massa de telespectadores e passou a ser considerado um nicho de mercado. Por isso, tem mais a ver, talvez, com os canais por assinatura do que com os abertos.

O fato é que haverá uma profunda mudança interna nas emissoras, a começar pela Globo – e isso pouco tem a ver com a redução de verbas publicitárias do governo, como muitos dizem por aí. Desde o episódio das gravações do empresário Joesley Batista, a rede do Jardim Botânico tem recebido uma quantia infinitamente menor de dinheiro estatal, que nunca chegou a ser uma grande fonte de faturamento em seus balanços.

O problema da Globo é possuir uma estrutura grande demais para o patamar de receitas publicitárias da atualidade. Como suas concorrentes, a emissora terá de criar uma aproximação cada vez maior com seus veículos digitais, só que, novamente, boa parte das receitas publicitárias na Internet ficam com o Google, e não com os websites.

Como fazer a conta fechar? Criar novas receitas. Uma das apostas da família Marinho está no streaming. O Globoplay, um canal de conteúdo por assinatura que concorre que Netflix e Amazon, tem a missão de trazer de volta boa parte do faturamento perdido. Por enquanto, a estratégia está mostrando bons resultados. Com 6,5 milhões de assinantes, a Globoplay está faturando cerca de R$ 1,8 bilhão ao ano. Ainda está longe da renda levantada pela da Netflix no Brasil, R$ 6,7 bilhões em 2020, mas é um bom começo. Terá a Globo fôlego para bancar a disputa com dois gigantes mundiais? Ainda é cedo para prever. Mas os demais mecanismos americanos de streaming têm poucas opções de conteúdo em português – uma seara em que a Globo sempre nadará de braçadas.

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