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O que são frontiers firms e que novas habilidades humanas exigem

Empresas desenvolvidas a partir de IA redefinem liderança, produtividade e competitividade. No centro está uma nova figura, o chefe de agentes, aquele que sabe orientar humanos e máquinas

Imagine se antes do final dos 1990 o mundo dos negócios já tivesse compreendido os impactos da internet? Poucos foram capazes. Agora estamos diante de outra transformação — só que desta vez, o motor da mudança é a inteligência artificial (IA) e o nome do jogo é frontier firms.

Popularizado no recente relatório Work Trend Index 2025, da Microsoft, o termo define as organizações que não apenas adotam a IA, mas a colocam no centro de suas operações, equipes e estratégias. Para operar este conceito estão os agentes de IA , que de acordo com a própria IA, se tratam de “sistemas ou programas capazes de executar tarefas autonomamente em nome de um usuário ou outro sistema, projetando seu fluxo de trabalho e utilizando ferramentas disponíveis”. E para tudo isto funcionar é preciso moldar a nova geração de líderes: os chefes de agentes, o profissional que fará a curadoria das decisões entre humanos e máquinas. É provável que poucos conheçam algum, mas eles estão entre nós, assim como a IA.

Ambos fazem parte de um movimento inevitável e que não funcionará sozinho. Segundo o relatório, 82% dos dirigentes globais acreditam que 2025 será um ano decisivo para reestruturar suas estratégias e operações, adaptando-as aos desígnios demonstrados pela IA. No Brasil, o índice de dirigentes salta para 94%. Não se trata apenas de mais uma tendência – é uma ruptura.

O que são

Como nas frontier firms, a IA se torna bem mais que ferramenta, atingindo a condição estratégica de colaborador digital, executando tarefas, resolvendo problemas e ampliando a capacidade humana, seus times exigem a figura do chefe de agentes — digital e humano.

Enquanto empresas ainda ligadas ao digital apenas como ferramenta, nas frontiers os frutos são colhidos. Tanto que globalmente 71% dos trabalhadores dizem que suas organizações estão prosperando — no Brasil, esse índice é ainda maior.

No Brasil

Um exemplo desse movimento é a CloudWalk, fintech brasileira dona da InfinitePay, que criou mais de 40 agentes internos de IA para atuar em áreas como marketing, vendas, design e segurança. Um de seus agentes mais inovadores, o Jim, age como um verdadeiro “funcionário digital”, capaz de criar campanhas, sugerir preços e até oferecer suporte estratégico para pequenos empreendedores. Outro é o Claudio Walker, que responde por 90% dos atendimentos aos mais de 4 milhões de usuários da plataforma.

Outro destaque é o Itaú Unibanco, que anunciou o lançamento de um assistente de investimentos baseado em IA generativa. A proposta é levar, por meio da IA, um atendimento consultivo e personalizado — antes exclusivo para grandes clientes — para toda a sua base de 70 milhões de correntistas.

Inteligência agêntica

Seguindo o ritmo efervescente do Web Summit Rio 2025, onde os agentes de IA dominaram as conversas e os palcos, ficou evidente que essas tecnologias estão ultrapassando o estágio de tendência para se firmarem como protagonistas do presente. árcio Aguiar, da Nvidia, resumiu bem esse momento ao afirmar que vivemos a “era da IA agêntica”, com sistemas que já executam tarefas complexas de modo autônoma, adaptável e escalável. O anúncio da OpenAI com a integração do ChatGPT ao WhatsApp reforçou que gentes de IA conectados ao mundo real estão acessíveis para uso massivo.

A Microsoft, por meio de sua presidente Priscyla Laham, e a IBM, com Justina Nixon-Saintil, no Web Summit, apontaram para um novo perfil de liderança, na qual fluência e domínio sobre agentes autônomos serão habilidades cruciais.

A regulamentação, como destacou o ministro do STF Luís Roberto Barroso, precisa acompanhar esse avanço com princípios sólidos, mas sem sufocar a inovação.

Enquanto isso, startups brasileiras como a DigAí, vencedora do Pitch, mostram que o Brasil também está pronto para liderar na criação de agentes inteligentes aplicáveis ao dia a dia — do atendimento via WhatsApp à produção farmacêutica com IA.

O papel do chefe de agentes

Lucia Costa, sócia da Soul HR Consulting, especializada em coaching de executivos, explica: “Nas frontier firms está sendo lançado um novo tipo de liderança. O chefe de agentes precisa dominar a aprendizagem contínua, pois o diálogo com a IA exige uma capacidade constante de adaptação aos inputs da tecnologia”.

Ela ressalta que outra habilidade essencial é a delegação eficaz: “A IA executa tarefas diferentes das que estamos acostumados. Saber o que delegar para humanos e o que pode ser confiado a um agente será um diferencial estratégico”.

Além disso, a liderança ética se torna central. “A IA fará o que for mandada. É fundamental que os comandos respeitem diretrizes claras, como a privacidade e o uso responsável de dados”, alerta a executiva.

Máquinas e humanos

O relatório aponta que 46% das empresas já usam agentes de IA para automatizar processos. Entre as áreas prioritárias: atendimento ao cliente, marketing e desenvolvimento de produtos.

Para garantir eficiência, surge uma nova métrica: a proporção humano-agente. É como uma curadoria biológica que dá freios de arrumação na máquina. Quantos agentes são necessários? Quantos humanos para treiná-los e supervisioná-los? Acertar essa equação será essencial para o sucesso.

E essa mudança atinge todos os níveis da hierarquia. Enquanto 78% dos líderes estão pensando em contratar para novas funções ligadas à IA, apenas 33% cogitam reduzir pessoal. A expectativa é de que a IA libere tempo para que profissionais assumam desafios mais complexos e estratégicos.

Copilot e a nova colaboração

O relatório também marca o lançamento da nova geração do Microsoft 365 Copilot, que agora oferece agentes especializados, integração com plataformas como Jira e Miro, ferramentas de criação com o GPT-4o da OpenAI, e notebooks que transformam dados em insights em tempo real.

Essa evolução tecnológica posiciona o Copilot como a nova interface entre humanos e IA — e reforça a noção de que as empresas que souberem integrar agentes com inteligência estratégica estarão à frente.

O que viria por aí

Assim como a internet criou uma nova geração de profissões, a IA já molda o futuro do trabalho. Para Lucia Costa, a chave será o preparo: “As empresas que investirem agora em capacitação e ética na liderança estarão não só acompanhando a transformação — mas moldando o que vem pela frente.”

Leia o Relatório Anual Work Trend Index no WorkLab.

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