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Ricos mais ricos sob o governo Lula. Como assim?

Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vê sua popularidade diminuir depois de quase um ano e meio de mandato, um problema de calibre considerável surge à frente. Um estudo feito pela consultoria Tendências mostra que a conjuntura econômica atual não deve permitir alta na renda das classes C, D e E, como ocorreu nos primeiros mandatos do presidente. Paradoxalmente, espera-se que a classe A seja a que mais saia ganhando nos próximos anos. Esse fenômeno já ocorreu em 2023 e deve se repetir em 2024. A renda real da classe A deverá crescer 3,9% este ano em termos reais, já descontada a inflação.

De um lado, os juros não deverão cair tanto quanto os economistas esperavam no ano passado, uma vez que as taxas americanas vão demorar para ceder – e o Brasil não pode oferecer juros menores que os dos EUA, sob pena de ver uma boa parte do capital estrangeiro voar para os ativos em dólar. Com a Selic relativamente alta, os ganhos de capital de quem investe em renda fixa vão causar um crescimento de renda entre os mais ricos.

O cenário externo, em 2024, é bem diferente daquele vivido pelo governo entre 2003 e 2010. Naquele período, houve um crescimento sem precedentes do comércio exterior e uma explosão nos preços de commodities, além do surgimento da China como um grande comprador de produtos brasileiros. Hoje, porém, não existe ainda previsão de outro grande ciclo de expansão, que poderia elevar a renda dos brasileiros como um todo.

Na outra ponta da equação, há uma situação que deve estar tirando o sono de Lula: no passado, havia uma grande possibilidade de se elevar o orçamento de programas sociais como o Bolsa Família. Hoje, com o arcabouço fiscal e as metas promulgadas pelo ministro Fernando Haddad, não há tanta margem para elevação dos benefícios distribuídos. Para deixar o quadro mais complicado, a gestão de Jair Bolsonaro já ampliou os gastos com o Bolsa Família, quando criou um décimo-terceiro salário para o programa.

Sem grande espaço para turbinar a renda de quem precisa do Bolsa Família, as classes favorecidas têm apenas no trabalho a possibilidade de elevar seus rendimentos. Ocorre que a recuperação da economia brasileira parece um carro que anda com o freio de mão puxado e não consegue desenvolver uma boa velocidade.

Não se espera, assim, um grande crescimento econômico nos próximos meses. Dessa forma, projetam os economistas da Tendências, as classes C, D e E, que representam mais de 80% dos domicílios do país, continuarão com a menor fatia da renda distribuída na sociedade brasileira: 41%, contra 59% das classes A e B.

Nada indica que esse cenário vá mudar no curto prazo. Isso é um problema para o PT nas eleições municipais. Os candidatos esquerdistas esperavam contar com uma economia mais forte para usar Lula como um cabo eleitoral poderoso. Caso a projeção da Tendências se confirme e os ricos continuem ficando mais ricos até 2026, o problema será ainda maior, pois Lula poderá perder seu fôlego eleitoral no pleito que definirá sua sucessão.

Imaginem o poder destruidor que a oposição teria em mãos ao dizer que o presidente – um tradicional defensor da classe trabalhadora – administrou uma gestão que beneficiou os ricos. Esse é um verdadeiro pesadelo para o Planalto, que vai usar toda a imaginação para reverter esse quadro. É aqui que mora o perigo. Com um caixa apertado e popularidade em queda, a chance de Lula apelar para alguma medida populista é razoável.

Vamos torcer para que isso não aconteça. Qualquer feitiçaria econômica acaba sempre se voltando contra aqueles que são os beneficiários finais de todos os movimentos heterodoxos fracassados – os consumidores mais pobres.

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