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Preços de eletroeletrônicos sobem antes da Black Friday

É possível que as lojas estejam criando uma ‘gordurinha’ para, na data, oferecer descontos que pareçam maiores do que são — a famosa “Black Fraude”

A Black Friday, que acontece no próximo dia 24, é uma das datas mais esperadas pelos consumidores que buscam ofertas de eletroeletrônicos. Mas, ao invés de antecipar os descontos, algumas lojas online estão aumentando os preços desses produtos ao longo do mês de novembro. Essas informações foram divulgadas pela Tamara Nassif, da Folha de São Paulo.

Uma pesquisa do grupo Zoom/Buscapé, mostra que celulares, lavadoras, geladeiras e televisões ficaram mais caros desde o começo do mês. Entre os dias 29 de outubro e 11 de novembro, celulares e smartphones acumularam alta de 4,67%. Lavadoras, 5,75%. Geladeiras e televisões, 1,3% e 1%, respectivamente.

A alta mais expressiva ocorreu entre os dias 4 e 11 de novembro, quando aparelhos celulares ficaram 3,65% mais caros em relação à semana anterior. Geladeiras, 6,64%. Ar-condicionados, que podem ser muito procurados por causa da onda de calor, também tiveram aumento de preço.

A pesquisa considera a mediana entre os maiores e os menores preços de cada categoria.

Para Maurício Cascão, CEO da Mosaico, dona do Zoom/Buscapé, a inflação atípica pode significar um movimento de recomposição de perdas do comércio online.

“O ano tem sido muito ruim para o varejo. Temos também a troca de governo, juros altos, incertezas globais, duas guerras em andamento O cenário econômico não está favorável”, afirma.

O aumento dos preços, então, viria para compensar parte das perdas registradas em 2023, considerando que novembro é, historicamente, um dos meses mais fortes do ano para o setor por causa da Black Friday.

No entanto, há ainda outra justificativa plausível: a “Black Fraude”. “É possível que as lojas estejam criando uma ‘gordurinha’ para, na Black Friday, poder oferecer descontos que pareçam maiores do que são”, afirma Cascão.

É o que ficou conhecido no jargão popular como “Black Fraude”, quando preços de determinados produtos sobem antes da sexta-feira de promoções e, nela, voltam ao patamar normal.

“É uma inflação artificial que tenta ‘enganar’ o cliente. O varejista sério está parando de fazer isso, porque percebe que é uma prática que gera descrença e mancha a reputação dele”, diz Roberto Kanter, professor de MBAs da FGV.

Como se proteger?

Segundo a advogada Renata Abalém, diretora jurídica do IDC (Instituto de Defesa do Consumidor e do Contribuinte), a prática de maquiar os preços antes da Black Friday pode ser enquadrada no Código de Defesa do Consumidor como publicidade enganosa, que é crime.

Ela recomenda que os consumidores pesquisem os preços dos produtos que desejam comprar com antecedência e usem ferramentas que mostram o histórico de valores, como o Zoom/Buscapé e o Baixou. Além disso, ela orienta que os consumidores denunciem as lojas que praticarem a “Black Fraude” aos órgãos de defesa do consumidor.

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