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Por que o número de empresas não importa em termos de inovação e concorrência

Vamos direto ao ponto: por si só, consumidores não se beneficiam do fato de haver muitos produtores do mesmo bem ou serviço. Com efeito, o número de produtores é irrelevante.

Consumidores também não ganham com o fato de haver muitas empresas concorrendo entre si. A estratégia destas empresas importa muito pouco.

Consumidores se beneficiam de algo muito mais concreto: a produção voltada para a criação de valor.

Concorrência não se resume ao que existe hoje

Como várias vezes já explicado aqui, criar valor para os consumidores é descobrir quais são os desejos e necessidades não satisfeitos das pessoas e então ajudar a satisfazê-los; é descobrir o que os consumidores valorizam e então ofertar para satisfazer essa demanda. Resolver problemas, satisfazer desejos ou necessidades, tornar a vida mais confortável etc.: tudo isso é criação de valor.

É possível criar valor oferecendo algo novo ou oferecendo algo que já existe de uma maneira diferenciada e inovadora. Igualmente, também é possível criar valor ofertando coisas triviais de uma maneira que faça o consumidor perceber o valor que pode obter com isso.

Fomos doutrinados a entender que concorrência significa vários agentes tentando fazer exatamente a mesma coisa, com cada um sendo forçado a superar os outros. Porém, isso é uma simplificação que praticamente beira a mentira.

E o motivo é que a pressão competitiva que faz com que um determinado empreendimento esteja continuamente tentando inovar (e até mesmo se reinventar) não está no fato de que “há outros concorrentes”. O que realmente interessa é a possibilidade de que outros empreendimentos poderão surgir e superá-lo no futuro.

E isso é muito mais do que uma minúcia semântica.

Imagine um velocista que seja tão rápido (tipo um Usain Bolt) que nenhum atleta atual é visto como capaz de superá-lo. Por acaso isso significa que ele pode se dar ao luxo de parar de treinar? Poderia ele simplesmente se contentar em manter sua atual habilidade?

É óbvio que não. Não há nenhuma garantia de que outros atletas, que treinaram de maneira diferenciada e desenvolveram novas habilidades específicas, não irão entrar na área e superá-lo. Consequentemente, para se manter no topo, este velocista tem de estar continuamente se aprimorando.

Em termos de empreendimento, a situação é ainda mais difícil, pois, ao contrário do atleta, quem julga a qualidade da produção da empresa são os consumidores, e estes podem alterar repentinamente seus gostos e preferências, desenvolvendo outros desejos e demandas.

Ao passo que o atleta tem apenas de ser “mais eficiente” que seus competidores, empresas têm de agradar aos seus consumidores, e estes possuem gostos e demandas completamente volúveis. Um atleta tem apenas de alcançar uma marca objetiva; já empresas têm continuamente de saciar demandas subjetivas.

Mais ainda: sendo você um empreendedor, não basta “simplesmente” superar sua atual concorrência. Sempre pode haver novos entrantes, com inovações que irão solapar o valor daquilo que você está oferecendo hoje. Ou então seus atuais concorrentes podem repentinamente se reinventar e fazer o mesmo que você faz, só que melhor.

A verdadeira concorrência, aquela com a qual todo empreendedor tem de lidar, é a possibilidade do surgimento de melhores ofertantes no futuro.

Qualidade, e não quantidade

Ainda mais importante: essa pressão existe independentemente de quantas empresas estão atualmente produzindo um determinado bem ou serviço.

A competição no mercado de celulares analógicos ou mesmo de celulares flips era intensa, e foi abalada não pelo surgimento de celulares analógicos melhores ou mais baratos, mas sim pelo surgimento de um tipo diferente de aparelho: o smartphone.

Em outras palavras, o que realmente interessa é a proposta de valor; é o quão bem você satisfaz os consumidores — e não o número de concorrentes no atual mercado.

Enquanto empresas já atuantes no mercado se limitam a tentar manter seus preços mais baixos e a qualidade mais alta que seus concorrentes, desta maneira posicionando vantajosamente sua oferta em relação às ofertas similares de seus concorrentes, esta “dança” não é o que cria valor. Empreendedorismo inovador, criativo e imaginativo é o que realmente promove valor para os consumidores; é isso o que cria, remodela e destrói indústrias.

Em outras palavras, tudo o que é necessário para que haja oferta competitiva de produtos ou serviços é um produtor — desde que outros eventuais competidores não sejam legalmente proibidos pelo governo de entrar neste mercado.

Por algum motivo estranho, ainda prevalece essa crença insensata de que o que interessa para os consumidores é o número de empresas imobilizando recursos escassos (mão-de-obra e matéria-prima) para produzir os mesmos bens e serviços. Isso nos levou a enxergar a concorrência não em termos de empreendedorismo criativo, mas sim em termos de “quantidade de empresas”.

Sim, quase sempre é verdade que mais empresas entrando em um mercado e concorrendo por uma demanda limitada irão incorrer em algumas inovações; mas não é o fato de que há outras empresas o que beneficia os consumidores. O que realmente beneficia os consumidores é a inovação.

E o que estimula a inovação é a busca de maior lucratividade futura. Você pode ter um mercado com centenas de empresas similares produzindo os mesmos bens e serviços. Se este mercado for abalado por um único empreendedor inovador e criativo, então este único empreendedor será muito mais importante do que qualquer outro das centenas de concorrentes.

O genuíno empreendedor cria a valiosa nova oferta que irá satisfazer os consumidores; ele destrói o que é velho ao criar o novo. É isso o que interessa, e não o número de empresas.

( Per Bylund )
https://www.mises.org.br/article/3118/por-que-o-numero-de-empresas-nao-importa-em-termos-de-inovacao-e-concorrencia

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