Agência alterou sua perspectiva para o setor de estável para negativa, citando tensões comerciais crescentes, inflação persistente e desaceleração global
A Moody’s Ratings anunciou nesta terça-feira (13) a revisão para baixo de suas premissas de preços e faixas de sensibilidade para diversos metais e commodities do setor de mineração, refletindo o enfraquecimento da confiança do consumidor e da atividade industrial em um cenário macroeconômico global cada vez mais adverso.
A agência alterou sua perspectiva para o setor de metais e mineração de estável para negativa, citando tensões comerciais crescentes, inflação persistente e desaceleração econômica global. A exceção fica por conta do aço nos Estados Unidos, impulsionado por novas tarifas, e dos metais preciosos — ouro e prata — que continuam a se beneficiar de sua atratividade como ativos de proteção.
“Embora restrições de oferta evitem quedas acentuadas nos preços, a desaceleração da atividade industrial global deve pressionar os preços da maioria das commodities do setor ao longo do próximo ano”, informa o relatório:
- Cobre, Alumínio e Níquel: As premissas de preços foram reduzidas devido à retração na construção civil e na manufatura. Apesar das boas perspectivas de longo prazo para o cobre, a demanda de curto prazo está em queda;
- Aço: As projeções foram elevadas apenas para os EUA, beneficiados pela retomada das tarifas da Seção 232. Já China, Brasil e Europa enfrentam pressões de preços devido à concorrência com importações desviadas e demanda fraca;
- Carvão e Minério de Ferro: A recuperação da produção ocorre em um momento de demanda global enfraquecida, especialmente nos setores imobiliário e automotivo;
- Metais Preciosos: O ouro se destaca como reserva de valor em meio à inflação e protecionismo. Bancos centrais de países como China, Rússia e Índia continuam aumentando suas reservas.
A Moody’s alerta que, embora suas premissas de preços representem médias esperadas para os próximos 12 meses, as faixas de sensibilidade são utilizadas para avaliar riscos de crédito das empresas do setor e não devem ser interpretadas como previsões.
Alerta
A escalada da taxa Selic nos últimos meses deteriorou o quadro fiscal do Brasil, que agora está em situação pior do que quando a Moody’s elevou a nota de crédito do país, em outubro de 2024. Este foi o alerta que a analista sênior de ratings soberanos da Moody’s, Samar Maziad, deu para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em encontro, na semana passada, em Brasília. “A deterioração fiscal é um fator chave aqui”, afirmou a executiva da agência de classificação de risco. Segundo ela, o cenário de juros teve uma mudança dramática, o que não estava no horizonte da avaliadora de risco de crédito em outubro passado. Naquele momento, o Brasil estava a apenas um nível abaixo do chamado grau de investimento, ou baixo risco de calote.