Reajustes anuais e alta expressiva em imunoterápicos e vacinas elevam índice IPM-H; inflação acumulada para hospitais já soma 54,8% desde o início da série histórica
O mês de abril, tradicional período de reajuste nos preços de medicamentos, registrou uma alta de 4,18% nos custos hospitalares, segundo o Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H), elaborado pela Fipe com base em dados da plataforma Bionexo. O aumento foi impulsionado especialmente por imunoterápicos, vacinas e antialérgicos, que saltaram 18,89% no mês.
O dado contrasta com a inflação geral ao consumidor, medida pelo IPCA, que ficou em 0,43% em abril. Segundo o IBGE, o grupo saúde e cuidados pessoais liderou os aumentos no índice ao consumidor, com destaque para medicamentos como anti-inflamatórios (+3,63%) e antibióticos (+3,50%).
O reajuste ocorre em um contexto de autorização governamental de aumento nos preços de medicamentos, estabelecido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), com tetos variando de 2,60% a 5,06%, conforme o nível de concorrência de mercado. Ainda assim, o IPM-H revela que, na prática, muitos produtos hospitalares registram aumentos bem acima desses patamares.
“O índice revela uma pressão significativa sobre os custos hospitalares, que tende a se acentuar diante de reajustes autorizados e oscilações cambiais”, alerta Rafael Barbosa, CEO da Bionexo. “É fundamental que as instituições invistam em inteligência de compras e controle de gastos.”
Segundo Bruno Oliva, economista da Fipe, o IPM-H acumula alta de 5,38% em 2025 e 5,03% nos últimos 12 meses, superando a inflação geral da economia. Desde o início da série histórica, os preços hospitalares de medicamentos já subiram 54,8%.
Entre os grupos terapêuticos com maior alta mensal em abril estão:
- Imunoterápicos, vacinas e antialérgicos: +18,89%
- Preparados hormonais: +3,29%
- Sistema geniturinário: +2,89%
- Aparelho respiratório: +2,31%
Quatro grupos, no entanto, apresentaram queda no mês, como:
- Aparelho digestivo e metabolismo: -3,04%
- Sistema nervoso: -0,71%
- Sangue e órgãos hematopoiéticos: -0,25%
- Anti-infecciosos sistêmicos: -0,23%
Nos últimos 12 meses, imunoterápicos, vacinas e antialérgicos lideram com alta de +26,94%, seguidos por aparelho digestivo e metabolismo (+14,44%). Já sistema musculoesquelético (-9,43%) e aparelho cardiovascular (-5,09%) acumularam quedas.
O IPM-H é fruto de uma parceria entre a Fipe e a Bionexo e acompanha, desde 2021, o comportamento de preços de medicamentos adquiridos por hospitais no Brasil. Os dados são coletados a partir de transações reais e atualizados mensalmente, com o objetivo de dar transparência e embasamento para o setor de saúde.