A Nota da Conjuntura divulgada nesta quinta-feira (19) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que a inflação registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) seguiu trajetória de alta no período recente. Parte desse impulso veio da aceleração do preço dos alimentos, mas também dos demais bens de consumo. A ampliação do consumo combinada com os efeitos remanescentes da desvalorização do câmbio e com a alta recente dos preços internacionais de commodities, elevou a inflação prevista para 2020 de 2,3% – na previsão feita em setembro pela Carta de Conjuntura – para 3,5%. A alta estimada para os preços dos alimentos em 2020 passou de 11% para 16,2%, o que deve fazer com que esse grupo seja responsável por 60% da variação do IPCA no ano. As perspectivas também sinalizam uma aceleração da inflação para os bens de consumo, de 1% para 2,5%. Os serviços tiveram alta nas projeções, de 0,7% para 1,5%, com exceção dos serviços de educação, estáveis em 1,2%. Já as estimativas para os preços administrados apresentaram melhora: a inflação desse segmento deve encerrar o ano com uma alta de 0,8%, ante projeção de 1,0% no panorama anterior. Essa revisão se deve à postergação de alguns reajustes importantes, como os de medicamentos e planos de saúde, aliada ao bom comportamento dos preços da energia e das tarifas de transporte público, como ônibus, trem e metrô. Apesar da aceleração inflacionária do segundo semestre de 2020, a taxa projetada ainda se encontra abaixo da meta estipulada para 2020, de 4%.