A interferência do presidente Jair Bolsonaro (imagem) na direção da Petrobras, na última sexta-feira (23), repercutiu internacionalmente. A demissão do presidente da estatal, Roberto Castello Branco, e sua substituição pelo general da reserva, Joaquim Silva e Luna, foi classificada como uma “troca uma impetuosa e populista de CEO” pelo Wall Street Journal, nesta terça-feira (23). Tomada para controlar os preços dos combustíveis no mercado interno, a decisão contradiz a proposta liberal a qual Bolsonaro foi eleito em 2018 e se parece mais com as políticas de esquerda que marcaram o governo de Dilma Rousseff (PT) que foram duramente criticadas, inclusive pelo atual presidente, então parlamentar.
Com isso, as ações da Petrobras, tanto preferenciais quanto ordinárias, derreteram, ocasionando a perda de US$ 20 bilhões em seu valor de mercado. Para o WSJ, Bolsonaro jogou fora as chances das políticas de livre mercado no Brasil com a demissão de Castello Branco, acrescentando que barrou a possibilidade de retorno do crescimento econômico célere, pois gerou desconfiança dos investidores internacionais.
No mesmo artigo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, é apontado como o mais enfraquecido integrante do governo, alguém que nos próximos anos dificilmente cumprirá metade do que prometeu em relação às privatizações, reformas e cortes de gastos. Em vez disso, Guedes não ajustou medidas concretas de longo prazo para o combate aos efeitos da pandemia na economia. Enquanto isso, aponta o jornal, o Planalto preencheu o aparelho estatal com militares nos cargos, aumentando ainda mais a dívida pública.