O pacote tributário do ministro Paulo Guedes é criticado até por quem defende fortemente o governo de Jair Bolsonaro. Vários empresários, em especial, consideram as medidas “arrecadatórias” e que perfazem um “verdadeiro retrocesso”. Guedes avisou que pode brecar o pacotão caso ele seja modificado demais no plenário. Já pipocam sugestões de mudanças, como por exemplo reduzir o imposto sobre dividendos para 15 % e criar uma isenção para empresas com lucro presumido de até R$ 4,8 milhões ao ano.
“Tem muita gente gritando que está piorando, mas é quem vai começar a pagar”, diz Guedes. Não é bem assim. Cálculos preliminares mostram que o setor de serviços será fortemente impactado e terá de pagar muito mais do que já paga. Essa movimentação teria impacto direto no bolso da classe média, pois interferiria diretamente no custo de escolas, planos de saúde e telecomunicações.
Mas o problema não fica por aí. Se o Congresso preferir votar a PEC 2337, há mercados que serão severamente afetados, como o de aviação. O secretário nacional de Aviação Civil, Ronei Glanzmann, disse ontem no Congresso:
– O Ministério da Infraestrutura tem feito um trabalho interno de convencimento, de demonstração, porque estamos preocupados com os efeitos do [final da isenção do] IPI, do imposto de importação e do imposto de renda do ‘leasing’ das aeronaves que terá um efeito desastroso para um setor que quase morreu ano passado. […] Não há pior momento para aviação civil para este tipo de proposta do que o momento atual, que começamos a sair da UTI e a respirar um pouquinho de oxigênio”.