Setores de Comércio, Serviços, Indústria e Infraestrutura registram retração; efeito calendário e juros altos pesam sobre resultado
As pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras encerraram abril com queda de 4,9% no faturamento em relação ao mesmo mês de 2024, segundo o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs). No acumulado do ano, a retração é de 2,2%.
O recuo foi disseminado entre os quatro grandes setores analisados — Comércio, Serviços, Indústria e Infraestrutura — e reflete tanto o ambiente macroeconômico desafiador quanto fatores pontuais, como o menor número de dias úteis em abril deste ano (20 contra 22 em 2024).
O setor de Comércio teve o melhor desempenho relativo, com recuo de apenas 0,5% na comparação anual, puxado por alta de 14,1% no segmento de comércio e reparação de veículos. Já atacado e varejo apresentaram quedas de 0,9% e 3,1%, respectivamente. Alguns nichos, como atacadistas de café em grão e bebidas, cresceram.
Em Serviços, a retração foi de 1,6%, interrompendo uma sequência de crescimento nos meses anteriores. Os principais impactos negativos vieram dos segmentos de educação e alimentação.
A Indústria seguiu em trajetória negativa, com queda de 8,7% em abril, a sexta consecutiva. Apenas quatro dos 23 subsetores industriais monitorados apresentaram crescimento, com destaque para produtos químicos e plásticos.
Infraestrutura teve retração de 6,9%, influenciada por fatores como juros elevados e restrição de crédito, especialmente nos segmentos ligados à construção civil.
Apesar do cenário atual, a Omie avalia que há sinais de mudança nas expectativas do mercado, com a recente desaceleração do IPCA e a possibilidade de fim do ciclo de alta da Selic, o que pode aliviar parte das pressões econômicas e facilitar o acesso ao crédito nos próximos meses.
O IODE-PMEs é produzido a partir da análise de movimentações financeiras de contas a receber de mais de 170 mil empresas com faturamento anual de até R$ 50 milhões, cobrindo 701 atividades econômicas. Os dados são ajustados pela inflação e funcionam como um termômetro da saúde financeira das PMEs no Brasil.