Relatório revela queda no engajamento profissional em meio à adoção de IA; Brasil se destaca com índices acima da média mundial

A queda no engajamento dos trabalhadores ao redor do mundo resultou em perdas estimadas de US$ 438 bilhões (cerca de R$ 2,4 trilhões) em produtividade global em 2024, segundo o relatório State of the Global Workplace, divulgado pela consultoria Gallup. O índice global recuou de 23% para 21%, representando apenas 1 em cada 5 profissionais verdadeiramente comprometido com seu trabalho. Desengajamento é a falta de envolvimento e comprometimento dos funcionários com a organização e com o seu trabalho, um problema que afeta produtividade, satisfação no trabalho e retenção de talentos. 

Essa é apenas a segunda vez em 12 anos que o engajamento global cai — a anterior foi em 2020, durante a pandemia. Agora, o principal fator apontado para a queda é a rápida adoção da inteligência artificial nas empresas, muitas vezes implementada sem o devido foco nas pessoas, o que compromete conexões humanas, senso de pertencimento e a escuta ativa dos colaboradores.

Apesar da tendência global negativa, o Brasil apresentou avanço no engajamento profissional. Em 2024, 34% dos trabalhadores brasileiros disseram estar engajados, alta de 3 pontos percentuais em relação ao ano anterior e 13 pontos acima da média global. Também se destaca o nível de bem-estar no país: 54% dos brasileiros se dizem “prósperos” em suas vidas, comparado a 34% na média mundial.

Por outro lado, o estresse segue elevado no Brasil: 45% relataram ter vivenciado altos níveis de estresse no dia anterior à pesquisa — superior à média global de 40%. Tristeza (20%), raiva (17%) e solidão (12%) também são sentimentos frequentes entre os trabalhadores brasileiros.

O relatório aponta a liderança como peça central no engajamento das equipes. De acordo com a Gallup, 70% do engajamento pode ser atribuído diretamente ao gestor. No entanto, menos da metade dos líderes entrevistados já passou por algum tipo de treinamento para liderar, e mesmo entre esses, muitos ainda se dizem desengajados.

A Gallup propõe três ações para reverter esse cenário: treinar todos os gestores, mesmo que de forma básica; desenvolver habilidades de mentoria e orientação; e investir no bem-estar e no crescimento contínuo da liderança. Tais medidas poderiam reduzir o desengajamento extremo pela metade e elevar o desempenho das equipes em até 28%.

Causas

• Falta de motivação ou reconhecimento – Colaboradores que não se sentem valorizados ou não veem sentido no trabalho; 
• Ambiente tóxico – Falta de comunicação clara, conflitos e pressões desnecessárias;
• Ausência de oportunidades – Criada pela ausência de possibilidades de aprendizado e chances de crescimento. 

Consequências

• Falta de entusiasmo – Colaboradores podem demonstrar apatia e atitudes passivas diante de pequenos desafios cotidianos; 
• Redução da produtividade – Falta de comprometimento pode levar a uma diminuição na eficiência; 
• Faltas e atrasos – O problema pode se refletir no absenteísmo e na baixa pontualidade.

Soluções

• Reconhecimentos – Criar programas de recompensas e estabelecer feedbacks construtivos; 
• Ambiente positivo – Estimular a comunicação aberta, a colaboração e a valorização da diversidade. 
• Oportunidades – Investir em treinamentos, cursos e programas de desenvolvimento profissional para impulsionar as carreiras; 
• Bem-estar – Criar um ambiente que valorize o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, oferecendo opções de lazer e relacionamento descontraído entre colegas;  
• Escutar os colaboradores – Abrir canais para que os funcionários expressem opiniões e sugestões.