Redução no valor dos remédios foi tentada em 2020, mas acabou barrada na Justiça pela indústria. Acionistas e pesquisas seriam afetados
Pode não dar em nada – ou em pouco – o mais recente anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. No domingo (11), ele anunciou pela rede Truth Social que assinaria uma ordem executiva que poderá cortar os preços dos medicamentos em até 59% para alguns itens, igualando os valores aplicados em outros países. Gasolina, energia e alimentos também seriam alvo do desoneraço. Os mecanismos para tanto não estão claros.
Se implementada nesta segunda (12), a ordem fará com que o Departamento de Saúde vincule o que o Medicare paga por medicamentos administrados em consultórios médicos ao menor preço pago em outros países. Na prática, o governo buscaria um preço de referência internacional. Com cerca de 70 milhões de filiados, o Medicare é o seguro de saúde federal para qualquer pessoa com 65 anos ou com certas deficiências ou condições.
Os preços elevados medicamentos nos Estados Unidos são alvos de críticas há décadas. E esta redução foi tentada no primeiro mandato sem sucesso, diante das pressões da indústria, que derrubou a iniciativa em 2020 com decisões judiciais, sob a alegação governos estrangeiros teriam uma “vantagem”. O setor também argumenta que forçar preços para baixos prejudicará os lucros e afetará a inovação – sem citar o desempenho no exterior.
“Instituirei uma política de nação mais favorita, pela qual os Estados Unidos pagarão o mesmo preço que a nação que pagar o menor preço em qualquer lugar do mundo”, postou o presidente no domingo em sua rede social, prometendo assinar a ordem na manhã de segunda-feira na Casa Branca.
Apesar de carecer de interpretação sobre seus efeitos de mercado, a medida era vislumbrada desde a semana anterior. O secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., também insinuou na terça (6), que seria necessário reduzir os preços mais altos na Europa para o medicamento de sucesso para diabetes Ozempic.
A seu favor, Trump tem números fortes. Um relatório citado pela rede CBS ainda no primeiro mandato de Trump constatou que os EUA gastavam o dobro do que outros países para cobrir os custos de medicamentos oferecidos pelo Medicare, o que atingiu mais de US$ 33 bilhões em 2021.
