As graves consequências de uma pandemia já eram esperadas por especialistas, que alertaram as autoridades mundiais mesmo antes do surgimento do coronavírus. Publicado em setembro de 2019, um documento preparado por integrantes do Conselho para Monitoramento Global, entidade independente estabelecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), havia alertado que o mundo não estava preparado para uma pandemia nas proporções da Gripe Espanhola, de 1918. No estudo, a previsão era de que se algo parecido com aquela pandemia ocorresse até 80 milhões de pessoas morreriam e haveria graves consequências para a economia global, com perda de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.
O documento ganhou renovada relevância nesta segunda-feira (14), após a publicação do mais recente relatório anual do Quadro de Monitoramento de Preparação Global (GPMB, na sigla em inglês). O conselho alerta que o mundo não pode se dar ao luxo de estar tão despreparado quando estava diante da covid-19 quando a próxima pandemia chegar – pois suas consequência podem ser ainda mais severas.
O Conselho para Monitoramento Global, que tem nomes como Gro Harlem Brundtland, ex-diretora da OMS, Chris Elias, presidente de programas globais da Bill & Melinda Gates Fundation, e Victor Dzau, presidente da Academia Nacional de Medicina dos Estados Unidos (EUA), entre outros, afirmava no ano passado que os líderes globais precisavam investir para preparar seus sistemas públicos de saúde.
O grupo destacou que entre 2011 e 2018, a OMS acompanhou 1.483 epidemias em 172 países. As doenças observadas foram influenza, síndrome respiratória aguda grave (Sars), ebola e zika, entre outras. E alertou que a humanidade não estava preparada para um vírus respiratório de rápida evolução. Em meados de setembro de 2020, o mundo registra 29,1 milhões de casos de covid-19 e 925,6 mil mortes causadas pela doença, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, que monitora o a pandemia em 188 países. Para fins de comparação, entre janeiro de 1918 e dezembro de 1920, a Gripe Espanhola vitimou cerca de 50 milhões de pessoas.