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Como o progresso transforma a escassez em abundância – a água de Israel e os elementos químicos

O sistema de preços, que surge sob propriedade privada e liberdade de trocas, propicia a mágica

O grande psicólogo e linguista canadense Steven Pinker publicou um livro intitulado Enlightenment Now: The Case for Reason, Science, Humanism, and Progress (Iluminismo já: em defesa da razão, da ciência, do humanismo e do progresso). A esquerda não gostou. Dentre as críticas mais leves, Pinker foi criticado por seu “otimismo excessivo”.

O site Open Democracy — financiado por George Soros, pelo ministério de relações exteriores da Noruega, pela Fundação Rockefeller e pela Fundação Ford — afirmou que Pinker não está devidamente preocupado com o esgotamento dos recursos naturais do planeta, incluindo as reservas de água doce. O site ainda culpa o psicólogo de Harvard por “abraçar a crença neoliberal e tecnocrática de que uma combinação entre soluções de mercado e arranjos tecnológicos irá magicamente resolver todos os problemas ecológicos”.

Mas, adivinhe só? Arranjos tecnológicos em conjunto com soluções de mercado realmente são, sim, uma crucial parte dos esforços da humanidade para tentar superar os desafios ambientais. E, se você não estiver convencido, apenas veja os esforços de dessalinização empreendidos em Israel (ver mais abaixo).

O progresso não é mágico, mas é quase

O site progressista aponta algumas tendências ambientais preocupantes, dentre elas “o aumento nas emissões de CO2; o declínio no volume de água doce disponível; o aumento no número de zonas mortas nos oceanos; o escoamento de fertilizantes artificiais”.

Pinker, vale enfatizar, não nega a existência destes desafios. “O progresso”, escreve ele,

não é o mesmo que mágica. Sempre há abalos, atrasos e retrocessos. … Claramente temos de estar preocupados com o pior dos retrocessos possíveis, como uma guerra nuclear, bem como com o risco de reveses permanentes, como o pior dos cenários previstos para as mudanças climáticas.

Peguemos, por exemplo, a oferta de água doce. Entre 1962 e 2014, o volume de recursos hídricos renováveis por pessoa caiu de 13,4 metros cúbicos para 5,9 metros cúbicos (graças também ao crescimento populacional). No entanto, vale lembrar que 71% da superfície da Terra é coberta por água.

Logo, o que é necessário nas áreas mais afetadas por secas, como o norte da África e Oriente Médio, é um processo financeiramente viável de dessalinização que separe as partículas de sal das moléculas de água. Israel é pioneiro em um método de dessalinização que faz com que a água doce consumida pelos lares israelenses seja 48% mais barata que a água doce consumida pela população de Los Angeles.

A dessalinização, escreve Rowan Jacobsen na Scientific American,

ocorre ao se pressionar água salgada através de membranas contendo poros microscópicos. A água atravessa a membrana, ao passo que as moléculas de sal, que são maiores, ficam retidas.

No entanto, os microorganismos contidos na água do mar rapidamente colonizam as membranas e bloqueiam os poros, de modo que controlar esses microorganismos requer uma limpeza periódica, quimicamente intensiva e, por isso, cara.

Porém, o cientista israelense Bar-Zeev e seus colegas desenvolveram um sistema livre de produtos químicos utilizando pedras lávicas porosas para capturar os microorganismos antes de eles chegaram às membranas… Israel hoje obtém 55% de sua água doméstica por meio da dessalinização [dados de 2016; em 2018 o valor já subiu para quase 80%], e isso ajudou a fazer com que um dos países mais secos do mundo se transformasse no mais improvável pioneiro das águas.

A livre iniciativa não é um problema; é a solução

O artigo da Open Democracy também criticou Pinker por “não levar em conta os agentes estruturais do esgarçamento ambiental: um economia global baseada no crescimento e dependente de uma cada vez maior monetização dos recursos naturais e da atividade humana”.

Mas a realidade é que a livre iniciativa não é o problema. É a solução. Como mostra a questão da água em Israel, a escassez relativa gera preços altos. Preços altos criam incentivos para se pensar em inovações. E inovações geram abundância.

A escassez se converte em abundância por meio do sistema de preços, que é o componente mais fantástico e surpreendente de uma economia de mercado, e o qual irá funcionar sempre que uma economia respeitar a propriedade privada e a liberdade de transacionar.

Nas economias mais livres, os recursos não são “exauridos”, como temem os progressistas (e isso é comprovado pelo fato de que a Terra ainda não viu um único recurso não-renovável ser extinto). E não há esse exaurimento porque a totalidade dos nossos recursos, o que inclui a água doce, não é fixa. Sim, o número total de átomos na Terra é finito, mas as maneiras nas quais esses átomos podem ser combinados e recombinados são infinitos.

De novo: não apenas a oferta de recursos naturais economicamente utilizáveis não só não é algo fixo e determinado, como, ao contrário, pode ser substantivamente aumentada por um considerável período de tempo.

Por exemplo, a oferta de ferro como um recurso natural economicamente utilizável era de zero para o povo da Idade da Pedra. O ferro passou a ser um recurso natural economicamente utilizável somente após terem descoberto alguma utilidade para ele e após terem percebido que o ferro poderia contribuir para a vida e bem-estar do homem ao ser forjado em vários objetos. 

A oferta de ferro economicamente utilizável era ínfima quando ele podia ser extraído somente por meio de escavação com pás. Ela se tornou substantivamente maior quando escavadoras mecânicas e de motor a vapor substituíram as pás manuais. E se tornou ainda maior quando se descobriram métodos para separar o ferro de compostos contendo enxofre. 

E quando este ferro foi separado de elementos como oxigênio e enxofre e recombinado com outros elementos como cromo e níquel para formar os automóveis, os eletrodomésticos e as vigas de aço que sustentam prédios e pontes, ele se tornou muito mais útil e valioso para a vida e bem-estar humano do que o mesmo ferro soterrado, intocado e inutilizado no subsolo.

O mesmo é válido para o petróleo e o carvão trazidos para a terra e utilizados para gerar calor, iluminar casas e fornecer energia para as máquinas e ferramentas do homem. O mesmo também é válido para todos os elementos químicos que se transformaram em componentes essenciais de produtos importantes quando comparados ao que eram esses mesmos elementos quando jaziam inertes no subsolo.

E assim tem sido, e continuará sendo, para todo e qualquer recurso natural economicamente utilizável; sua oferta aumentou e poderá continuar aumentando por um período de tempo indefinido. A oferta de recursos naturais economicamente utilizáveis irá se expandir à medida que o homem for aumentando seu conhecimento em relação à natureza e aumentando seu poder físico sobre ela. 

Por tudo isso, o que importa não são os limites físicos do nosso planeta, mas sim a liberdade humana para experimentar e reimaginar o uso dos recursos naturais que temos à disposição. Como escreveu o professor da Universidade de Nova York Paul Romer:

Para se ter uma ideia do tamanho do escopo que ainda há para novas descobertas, podemos fazer o seguinte cálculo.

A tabela periódica contém aproximadamente cem tipos diferentes de átomos. Se pegarmos uma receita simples, do tipo que combina apenas dois elementos — como para formar o aço (ferro e carbono) ou o bronze (cobre e estanho) —, então há 100 x 99 receitas possíveis para apenas dois elementos.

Para receitas que envolvem quatro elementos, há 100 x 99 x 98 x 97 receitas possíveis, o que equivale a mais de 94 milhões de combinações. …

Matemáticos chamam este aumento no número de combinações de “explosão combinatória”. Uma vez que você chega a 10 elementos, há mais receitas possíveis do que segundos vividos desde que o Big Bang criou o universo. E, se você for prosseguindo, tornar-se-á óbvio que ainda há muito poucas pessoas na terra e muito pouco tempo desde que surgimos, pois até hoje só tentamos uma ínfima fração de todas as possibilidades.

O progresso é possibilitado pela liberdade

A totalidade dos elementos químicos constitui o ambiente externo material do homem, e é precisamente para aprimorar essa relação que servem a produção e a atividade econômica.

Mas isso pode ocorrer apenas nas economias livres.

Em contraste às economias livres, as sociedades estatizantes, que não respeitam a propriedade privada e as livres transações (e que, por isso, não possuem um sistema de preços minimamente funcional), tendem a tratar os recursos do planeta de maneira muito mais maléfica. A União Soviética e a China maoísta, por exemplo, foram implacáveis agressoras da natureza e de seus recursos, inclusive o mais precioso recurso de todos: os seres humanos.

A maior distinção entre as sociedades livres e as estatizantes está no valor que elas atribuem à vida humana. Sociedades livres tratam os seres humanos como um recurso valioso, pois apenas os humanos são capazes de terem idéias e utilizar sua energia criativa para converter essas idéias em inovações. Por outro lado, sociedades estatizantes tendem a considerar os membros da raça humana como um passivo. Consequentemente, a estrada das utopias estatizantes sempre foi pavimentada por cadáveres.

Dentro do contexto de uma economia de mercado, os seres humanos não apenas utilizam recursos, como também os repõem e os amplificam. As fábricas de dessalinização de Israel fornecem água potável não só para os israelenses, como também para os habitantes da Cisjordânia. Mais ainda: esforços diplomáticos já estão sendo feitos para que a água potável de Israel abasteça também os países árabes vizinhos.

Isso é progresso.

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