Primeiro foco da doença no Brasil foi detectado em aviário de Montenegro. Consumo segue seguro, porém aves serão sacrificadas. Chineses são os principais compradores
A China suspendeu temporariamente as importações de carne de frango do Brasil após a confirmação do primeiro foco de gripe aviária de alta patogenicidade (IAAP) em uma granja comercial no país. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (16) pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. A suspensão é de 60 dias e deve ser retomada assim que o foco for debelado, um procedimento internacional padrão para este tipo de emergência sanitária envolvendo uma zoonose (doenças que pode ser transmitida naturalmente entre animais vertebrados e humanos).
O Brasil é um dos maiores exportadores de carne, com 5,30 milhões de toneladas em 2024, o que perfaz quase 40% do que é negociado entre países. Os maiores clientes são China, União Europeia e Emirados Árabes, consumidores de cortes de frango congelado. No Japão, 40% do frango consumido é de origem brasileira.
O foco foi identificado em um matrizeiro de aves comerciais em Montenegro (RS), na região metropolitana de Porto Alegre, segundo o Ministério da Agricultura. Até então, o vírus da gripe aviária havia sido registrado apenas em aves silvestres ou em criações de subsistência no Brasil. Em fevereiro, as exportações cresceram 17,9% em relação a 2024, alcançando 468,4 mil toneladas e gerando US$ 870,4 milhões em receita.
“Esse é o primeiro foco de IAAP detectado em sistema de avicultura comercial no Brasil”, destacou o ministério, explicando que, embora a doença já circule em outras partes do mundo desde 2006, como Ásia, África e Europa, ela havia sido contida no sistema comercial brasileiro até agora.
Em nota, a pasta esclareceu que não há risco de transmissão da doença pelo consumo de carne de frango ou ovos, e que os produtos brasileiros seguem seguros para consumo. A gripe aviária é considerada de baixo risco para humanos, afetando principalmente profissionais com contato direto com aves infectadas. O vírus H5N1 foi identificado há 19 anos e este é 1º caso em uma área de produção de larga escala. Os únicos humanos que podem ser atingidos pela doença são os trabalhadores que manipulam carne de frango contaminada in natura.
As medidas de contenção e erradicação do foco já foram acionadas conforme o Plano Nacional de Contingência, e os parceiros comerciais do Brasil, bem como órgãos como a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), serão oficialmente comunicados.
Os animais da granja afetada serão sacrificados para controlar o foco, informou a Agricultura. Ainda não há uma estimativa do tamanho das perdas até o fim da suspensão, que dependerá de vistorias de autoridades sanitárias chinesas. Um raio de 10 quilômetros ao redor da granja está interditado e todas as unidades produtoras da região serão vistoriadas. As carcaças dos animais abatidos devem ser incineradas e toda a produção já entregue será rastreada.