A criminalidade no Brasil, além de dor e sofrimento, traz um custo de aproximadamente R$ 285 bilhões, algo em torno de 4,38% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Só em 2015, 1,36% do PIB foi gasto com segurança pública. É o que mostra o relatório “Custos econômicos da criminalidade no Brasil”. Segundo o estudo, de 1996 a 2016, o número de trabalhadores na segurança privada aumentou 142%, de 680 mil para 1,65 milhão, um aumento substancial de cerca de R$ 20 bilhões para R$ 60 bilhões. Na segurança pública, não foi muito diferente. No período entre 1996 e 2015, os gastos, em todos os níveis de governo, foi de R$ 32 bilhões a R$ 90 bilhões.
Baseado nos dados do Sistema de Informações Hospitalares e do Sistema de Informações Ambulatoriais, do Ministério da Saúde, os gastos com internações e serviços médicos no SUS foram de R$ 49 bilhões, em 1996, para R$ 135 bilhões, em 2015. Os homicídios também entram na conta dos custos. Uma morte prematura é uma pessoa a menos trabalhando que, por consequência, afeta o PIB. O relatório aponta que cada homicídio representou uma perda de cerca de R$ 550 mil em 2017. Entre 1996 e 2015, o valor anual da perda produtiva subiu de cerca de R$ 18 bilhões para cerca de R$ 26 bilhões.
Esses números mostram a eficiência – ou ineficiência – das políticas públicas de segurança. Os gastos do poder público com o combate ao crime aumentaram mais de 170% nos últimos trinta anos. Em entrevista a MONEY REPORT, o sociólogo e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Jose Ignacio Cano, argumenta que isso é resultado da histórica desigualdade no país e a ineficiência do poder público, mas não só isso. “Quando falamos em gastos com segurança, devemos lembrar que, em sua maioria, são destinados à contratação de pessoal, e não com programas de prevenção”, alerta o professor da UERJ, que atua na área de violência e segurança pública. Cano considera um “desafio civilizatório” reverter esses números. “Ao analisar os dados do relatório, penso que, se o Brasil foi capaz de vencer a hiperinflação nos anos 1990, o novo problema grave nacional é a violência”.