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Aviação comercial deve lucrar US$ 36 bilhões, estima Iata

Alta demanda de passageiros, combustível mais barato e receitas extras impulsionam o setor, mas América Latina será a única região com queda nos lucros

O setor aéreo global deve registrar um lucro líquido de US$ 36 bilhões em 2025, segundo projeção da Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo). O valor representa um avanço de 11,1% em relação aos US$ 32,4 bilhões registrados em 2024, embora ainda abaixo dos US$ 36,6 bilhões estimados anteriormente.

A recuperação do setor é impulsionada principalmente pela queda de 13% no preço do combustível de aviação, pelo aumento da demanda por voos e pela elevação das receitas acessórias, como taxas de bagagem e serviços a bordo, que devem atingir US$ 144 bilhões (+6,7%).

Apesar do cenário positivo, o lucro por passageiro ainda é considerado baixo — cerca de US$ 7,20 por trecho, o que, segundo a Iata, mantém o setor vulnerável a novos impostos, tarifas elevadas e choques de demanda.

Indicadores previstos para 2025:
  • Lucro líquido: US$ 36 bilhões
  • Margem líquida: 3,7% (vs. 3,4% em 2024)
  • Receita total: US$ 979 bilhões (+1,3%)
  • Despesas totais: US$ 913 bilhões (+1,0%)
  • Lucro operacional: US$ 66 bilhões
  • Passageiros transportados: 4,99 bilhões (+4%)
  • Carga aérea: 69 milhões de toneladas (+0,6%)


Desaceleração do PIB e alta na rentabilidade

A entidade prevê que o crescimento do PIB global desacelere de 3,3% em 2024 para 2,5% em 2025, mas isso não impedirá a alta da rentabilidade das companhias aéreas, devido à manutenção da demanda por viagens e à queda no preço do petróleo.

A ocupação dos voos deve bater recorde, atingindo 84%. Já a receita com passageiros deve chegar a US$ 693 bilhões (+1,6%), impulsionada por um aumento de 5,8% na demanda. Em contrapartida, a receita com carga deve cair 4,7%, para US$ 142 bilhões.

Combustível e SAF

O gasto com combustível deve cair para US$ 236 bilhões, com o preço médio do barril a US$ 86. A produção de SAF (combustível sustentável de aviação) deve dobrar para 2 milhões de toneladas, mas continuará representando apenas 0,7% do consumo total.

Walsh criticou duramente os fornecedores, acusando-os de elevar os preços de forma oportunista e de não investirem na expansão da produção de SAF:

“O comportamento dos fornecedores é revoltante. Atingir a meta de emissões zero até 2050 exigirá US$ 4,7 trilhões. É hora de pararem de lucrar com a escassez e ajudarem a ampliar a oferta”, afirmou.

Frota, cadeia de suprimentos e aviões parados

A indústria enfrenta uma crise na cadeia de suprimentos. A fila de espera por novos aviões já passa de 17 mil aeronaves, com entregas previstas até 2039. Em 2025, devem ser entregues 1.692 aeronaves, volume ainda 26% abaixo das estimativas iniciais.

A situação levou à pior crise de indisponibilidade de frota da história, com mais de 1.100 aviões com menos de 10 anos parados, especialmente modelos equipados com motores PW1000G da Pratt & Whitney, que enfrentam falhas técnicas e escassez de peças.

“É inaceitável que essas falhas continuem até o fim da década. Os fabricantes estão decepcionando seus clientes”, disse Walsh.

América Latina: única região com queda nos lucros

A América Latina será a única região com queda de lucratividade em 2025, com lucro líquido estimado em US$ 1,1 bilhão, abaixo dos US$ 1,3 bilhão em 2024. A margem líquida cairá de 2,8% para 2,4%.

Entre os motivos estão a desvalorização cambial, a alta carga tributária — como a proposta de IVA de 26,5% sobre passagens no Brasil — e dificuldades financeiras de empresas locais. A GOL e a Azul entraram com pedidos de recuperação judicial nos EUA pelo Chapter 11 em 2024 e 2025, respectivamente.

Por outro lado, acordos de céus abertos, como os firmados pela Argentina, devem impulsionar a conectividade e a concorrência regional.

Perspectiva global por região
  • América do Norte: maior lucro absoluto, mesmo com desaceleração dos EUA e escassez de pilotos.
  • Europa: forte demanda e valorização do euro sustentam ganhos, com avanço das low costs.
  • Ásia-Pacífico: maior volume de passageiros, beneficiado por flexibilização de vistos.
  • Oriente Médio: maior margem por passageiro, com forte demanda de lazer e negócios.
  • África: desafios estruturais persistem, mas a demanda aérea segue estável.

Riscos ao setor

Entre os principais riscos apontados para o setor em 2025, estão:

  • Conflitos geopolíticos (como a guerra na Ucrânia);
  • Tensões comerciais e políticas nos EUA;
  • Fragmentação regulatória global;
  • Volatilidade no preço do petróleo.

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