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Exame: Em processo seletivo na Finlândia, candidato entrevista empregador

Conheça o novo modelo de contratação de talentos estrangeiros que ganha força no país mais feliz do mundo – e atrai, inclusive, brasileiros

O brasileiro Caio Vaz, de 38 anos, não estava apenas avaliando uma vaga de trabalho. Ao lado da esposa, ele participou de uma entrevista de emprego e no lugar do contratante, era ele que fazia perguntas sobre escolas, clima, rotina e até sobre a cultura da sauna — em uma entrevista que fugia completamente do modelo tradicional de recrutamento.

“Gostei deste formato de processo seletivo, que foi respeitoso e inclusivo. Não se tratava apenas de sermos avaliados, mas também de nos ajudar a entender se a Finlândia é o lugar certo para nós”, conta ele.

Diretor de parcerias na empresa de tecnologia Asksuite e morador de Florianópolis (SC), Caio participou do que o mercado chama de ‘entrevista reversa’, novo modelo adotado por empresas finlandesas para atrair profissionais estrangeiros. A ideia é simples: ao chegar nas etapas finais do processo seletivo, o candidato — e sua família — é convidado a inverter os papéis e entrevistar o recrutador.

“Fiquei impressionado com o sistema educacional da Finlândia, a segurança e o estilo de vida. Sentimos que pode ser uma excelente mudança para o futuro dos nossos filhos. A entrevista nos deu mais clareza e fez a ideia da mudança parecer mais real e possível”, diz Caio.

Perguntas sobre clima, hobbies e bem-estar

Durante a conversa, Caio quis entender o impacto dos longos invernos escuros, como funcionam os sistemas de saúde e educação, e quais seriam os programas de integração para famílias expatriadas.

“Descobri que o inglês é amplamente falado, já que o finlandês é um idioma bem difícil. Também perguntei sobre snowboarding e outras atividades culturais, pois acho importante saber como é o dia a dia fora do trabalho.

Para ele, o grande diferencial da entrevista foi o acolhimento. “Foi mais fácil ser eu mesmo, e a conversa se transformou em uma troca real, não apenas em uma entrevista formal.”

Uma nova abordagem de recrutamento

A prática da entrevista reversa foi desenvolvida pela empresa Barona, especializada em recrutamento e realocação internacional, em parceria com a Work in Finland, agência oficial do governo finlandês para atração de talentos.

“Queremos destacar a família no processo de construção de uma carreira internacional”, afirma Arja Martikainen, consultora sênior da Barona. “Os candidatos têm a opção de trazer suas famílias para uma entrevista reversa, para que possam fazer as perguntas mais importantes sobre os tópicos que realmente afetam a vida cotidiana.”

Segundo ela, o modelo nasceu da necessidade de tornar o processo mais transparente, humano e eficaz.

“Realocar um funcionário é um grande investimento, e quanto mais criteriosa for a decisão – com a participação da família —, maiores são as chances de sucesso,” diz Martikainen.

Impacto para toda a família

Além dessa conversa, que envolve perguntas como sistema de saúde, moradia, custo de vida, oportunidades para o cônjuge, escolas, clima, cultura e visto de imigração, a Finlândia oferece programas que ajudam o parceiro ou parceira do profissional contratado a encontrar trabalho, além de aulas de inglês e finlandês para toda a família.

A gerente de talentos da Work in Finland, Alessandra Leone, reforça o diferencial da abordagem.

“É um processo que contempla todas as pessoas que serão impactadas pela mudança. Antes de aceitarem a proposta, os envolvidos podem fazer perguntas ao empregador, sanando preocupações comuns entre trabalhadores que decidem construir uma carreira fora do país de origem.”

A visão de quem já morou na Finlândia

O empreendedor Việt Anh Trần, fundador das startups Spiderum e MoveSpiders, também participou da entrevista reversa. Ele já havia vivido na Finlândia durante a graduação e agora planeja retornar com esposa e filho.

“Achei que foi uma ótima oportunidade para mim e para minha esposa fazermos perguntas bem específicas sobre o nosso caso — dúvidas que não conseguiríamos esclarecer de nenhuma outra forma”, conta. A principal preocupação da família era sobre a possibilidade de a esposa, dançarina e coreógrafa, conseguir continuar sua carreira artística em um país novo.

“Minha prioridade agora é equilibrar vida pessoal e profissional. Quero passar mais tempo com minha família depois de anos de dedicação intensa como fundador de startup”, afirma.

A experiência reforçou a confiança na decisão. “Estamos nos organizando para finalizar as coisas aqui no Vietnã nos próximos anos antes de realmente nos mudarmos.”

Um processo que começa pelo respeito

A Barona atua desde 1999 e ajuda mais de 30 mil pessoas por ano a encontrarem oportunidades de emprego, também com suporte para moradia, vistos e integração cultural. Hoje, a empresa opera em países como Suécia, Noruega, Espanha e Filipinas.

“Essa prática faz parte de uma tendência mais ampla em direção a processos seletivos centrados no candidato”, afirma Martikainen. “As organizações líderes reconhecem que essas práticas não apenas melhoram os resultados imediatos das contratações, mas também fortalecem sua marca empregadora a longo prazo.”

E se depender de Caio, o modelo funciona. Após passar por todas as fases do processo seletivo ele está avaliando ir para a Finlândia. “A entrevista me ajudou a imaginar como seria nossa vida na Finlândia. Isso faz toda a diferença”.

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Por Layane Serrano

Publicado originalmente em: encurtador.com.br/uNiC6

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