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Vespa-da-madeira ameaça florestas de pinus; prejuízos atingem R$ 300 mi

Larvas da espécie invasora devoram os troncos com auxílio de um fungo tóxico que mata as árvores. Uma segunda invasora também foi detectada. Controle pode reduzir prejuízos em 70%

Uma das pragas mais destrutivas das florestas de pinus no Brasil, a vespa-da-madeira (Sirex noctilio), está gerando preocupação crescente entre produtores e pesquisadores. Silenciosa e devastadora, a praga pode causar prejuízos de até US$ 53 milhões por ano (R$ 300 milhões), afetando diretamente a produtividade e a qualidade da madeira plantada para fins extrativistas.

Para enfrentar o problema, a Embrapa Florestas e Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre Florestas) tentam controlar a dispersão do inseto, uma espécie invasora originária da Europa, Ásia e no norte da África. A vespa foi identificada no Brasil ainda em 1988 e aos poucos faz estragos em florestas plantadas em países tão distantes entre si, como Brasil, EUA, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul. .

Medindo entre 9 a 36 mm na fase adulta, o inseto de coloração azul-metálica escura deposita ovos no tronco das árvores (daí seu nome). Depois da eclodirem, as larvas se alimentam da madeira com ajuda de um fungo simbionte (Amylostereum areolatum) que vive no inseto. O muco produzido é tóxico para as árvores e o fungo funciona adoece a planta. Em uma reação em cadeia, os esporos do fungo simbionte provocam o fechamento dos vasos de condução de seiva, o que aos poucos provoca a morte da árvore.

Na Tasmânia, Austrália, no final da década de 50, a vespa-da-madeira destruiu cerca de 40% dos pinus plantados. No Uruguai, a praga provocou mortalidade de até 60% em algumas plantações de pinus.

Biocontrole aliado

Entre os principais sintomas do ataque estão a presença de orifícios na casca, manchas azuladas na madeira, amarelamento da copa e perfurações com liberação de resina. Árvores estressadas são mais vulneráveis, o que reforça a importância de um manejo florestal adequado.

A principal estratégia de controle é o uso do Nematec, produto biológico desenvolvido pela Embrapa com base no nematoide Deladenus siricidicola. “Esse nematoide penetra nas larvas da vespa, se multiplica e esteriliza as fêmeas, quebrando o ciclo de reprodução”, explica a pesquisadora Susete Penteado.

Distribuído com apoio do Fundo Nacional de Controle de Pragas Florestais (Funcema), o Nematec é oferecido entre março e agosto, período recomendado para o controle da praga. No Paraná, os pedidos devem ser feitos via Apre Florestas.

“Sabemos que a vespa-da-madeira representa uma ameaça significativa para os plantios de pinus. Por isso, reunir conhecimento técnico, trocar experiências e disseminar boas práticas é fundamental”, afirma Fabio Brun, presidente da Apre Florestas.

Capacitação

Um curso para produtores será ministrado pelos pesquisadores Susete Penteado e Paulo Pereira, da Embrapa Florestas. A capacitação inclui ainda uma etapa prática de campo, com identificação de sintomas, uso de árvores-armadilha e aplicação do nematoide Deladenus siricidicola, principal agente biológico de controle.

Nova ameaça

O curso também vai abordar a identificação de uma nova espécie, a Sirex obesus, uma vespa-da-madeira originária do sul dos EUA e México detectada pela primeira vez no Brasil em 2023, por pesquisadores do Departamento de Proteção Vegetal da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA), da Unesp, no cAmpus de Botucatu (sp). A diferenciação entre as espécies é essencial para o sucesso das ações de controle.

De acordo com a Embrapa, o uso coordenado das estratégias de prevenção e controle pode reduzir os prejuízos em até 70%. Para especialistas, a cooperação entre ciência, setor produtivo e políticas públicas é vital para proteger as florestas plantadas, que sustentam parte expressiva da economia florestal brasileira.

SERVIÇO


Curso Vespa-da-madeira
Data: 6 de junho
Local: Fazenda dos Álamos (Berneck) – Lapa (PR)
Valor: R$ 150,00 (associados) | R$ 250,00 (não-associados)
Inscrições: Clique aqui para se inscrever

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