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Você já desejou que alguém morresse?

“Eu quero mais que o Lula morra, quero que ele vá para o quinto dos infernos, é um direito meu. Não vou dizer que eu vou matar cara, mas eu quero que ele morra, que vá para o quinto dos infernos. Nem o diabo quer o Lula, por isso que ele está vivendo aí. Superou o câncer. Tomara que ele tenha uma taquicardia, porque nem o diabo quer a desgraça desse presidente que está afundando o país. Quero mais que ele morra mesmo”. Essa é uma declaração dada pelo deputado Gilvan da Federal (imagem) durante as discussões sobre um projeto de lei de sua autoria, que pretende retirar todas as armas de fogo da equipe responsável pela segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O desabafo do deputado, embora lamentável e condenável, nos leva a uma discussão mais ampla: há muita gente que já desejou (secretamente ou não) a morte de outra pessoa. Já fui testemunha destes momentos em que a ira explode e provoca manifestações orais radicais.

Boa parte de quem explode dessa forma se arrepende logo em seguida – muitos deles com medo da reação de Deus ou achando que a lei do carma vai atuar para prejudicá-lo. A maioria de nós sabe que é algo errado desejar que alguém morra, mas esse é um pensamento que quase todos já tiveram na vida, nem que por alguns segundos.

Somente dois sentimentos podem gerar desejos dessa magnitude: o ódio e o rancor. Mas essas duas emoções nos corroem, tornando a nossa existência um verdadeiro tormento. É como se aquela pessoa pela qual nutrimos ódio ou rancor (ou as duas coisas ao mesmo tempo) comandasse silenciosamente os nossos passos, influenciando a nossa vida, que acaba sendo movida pela necessidade de vingança.

A morte do desafeto, assim, seria uma forma suprema de vendeta. Mas ela traria algum tipo de satisfação? Talvez não. Muitas vezes, aqueles que desejaram o falecimento de um inimigo e foram (de alguma forma) atendidos, relatam experimentar uma sensação de vazio enorme após sua vontade ter se realizado.

Recentemente, descobri que um desafeto, que me prejudicou bastante no passado, está passando por uma situação delicada de saúde. Decidi não pensar muito no assunto, pois quero evitar a tentação fácil de desejar o mal aos outros.

Muitos acham que o ódio é um sentimento oposto ao amor ou à amizade. Eu, particularmente, não concordo com essa avaliação. Para mim, o oposto a esses dois sentimentos é a indiferença.

Quando superamos, de fato, uma situação complicada e seguimos em frente, não nos resta nenhuma emoção ruim dentro de nós, apenas a indiferença ou a frieza. Fiquei refletindo sobre esse tema após ler a declaração do deputado Gilvan. E percebi, aliviado, que mesmo experimentando o auge do meu rancor, não desejei a morte de ninguém. E que, agora, esvaziado desses sentimentos malévolos, quero apenas distância de quem me fez mal.

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