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Quem vai vencer: a arte da negociação ou da guerra?

Li Daokui é professor de economia da Universidade Tsinghua e ontem apareceu nas páginas do jornal “Folha de S. Paulo”. Deu uma entrevista sobre o tarifaço do presidente americano Donald Trump e analisou o quadro atual usando como base dois livros. Um é “A Arte da Negociação”, de autoria de Trump. O outro é “A Arte da Guerra”, escrito pelo general chinês Sun Tzu cerca de 500 anos antes do nascimento de Cristo. Daokui disse o seguinte:

Na China, temos um livro de mais de 2.000 anos chamado “A Arte da Guerra”. Ok, então esta é uma guerra comercial; se Donald Trump quer garantir que sua “Arte da Negociação” funcione, ele deve entender “A Arte da Guerra”. Um dos princípios fundamentais é que você precisa conhecer seu inimigo e a si mesmo, se quiser vencer. O presidente Trump certamente quer vencer, no entanto, ele não conhece a China o suficiente. A China não é o Japão, não é a Coreia, não é o México. É um país grande, que tem respeito pelos amigos e também quer o respeito deles. Mas quando Trump mostra políticas muito agressivas o lado chinês considera isso altamente ofensivo e se vê encurralado para retaliar, como fez.

Tomei conhecimento da existência deste livro após ver o filme “Wall Street” e o devorei em questão de horas (dependendo da edição tem de 128 a 160 páginas, com treze capítulos). Mas suas frases precisam ser digeridas no longo prazo, pois várias delas merecem uma reflexão demorada. Tomemos o trecho mencionado pelo professor chinês:

Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas.

Nesta semana, ao pausar a cobrança de tarifas mais altas a todos os países que não retaliaram as medidas americanas e se concentrar apenas nas sanções contra a China, Trump mostrou que vai escalar suas medidas contra o país asiático. Mas já disse que está disposto a negociar. Mas, para que isso ocorra, vai esperar um telefonema do colega Xi Jinping.

Sun Tzu também escreveu o seguinte: “Triunfam aqueles que sabem quando lutar e quando esperar”. Trump, após a confusão inicial, resolveu aguardar a reação dos oponentes. Mas a paciência chinesa, neste caso, deve ser muito maior que a do americano.

A esta altura do campeonato, vários contatos foram acionados para que as negociações tenham início. Mas quem se despirá do orgulho para dar o primeiro passo? Neste momento, talvez o mais importante seja aguçar a sensibilidade para perceber as sutilezas que irão nortear as próximas conversas entre Estados Unidos e China – como por exemplo, entender o que deseja, de fato, o presidente Trump com toda essa mudança no comércio internacional.

Voltando a Sun Tzu (cuja existência, por sinal, é questionada por alguns historiadores, em função de incongruências cronológicas que existem no livro “A Arte da Guerra”). Provavelmente o vencedor dessa batalha será aquele que seguir uma das leis do autor chinês: “Não é preciso ter olhos abertos para ver o sol, nem é preciso ter ouvidos afiados para ouvir o trovão. Para ser vitorioso, você precisa ver o que não está visível”.

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