Começava a cerimônia de homenagem do Person of the Year 2025, no Museu de História Natural em Nova York, quando Alexandre Bettamio, do Bank of America, quebrou o protocolo e anunciou que – pela primeira vez, desde que a premiação foi criada – o ex-ministro Paulo Guedes estava presente. O auditório, com cerca de mil convidados, explodiu em palmas e Guedes foi aplaudido de pé.
Isso quer dizer que a plateia era bolsonarista? Bem, uma parte, obviamente, sim. Mas entre os que ovacionavam o ex-ministro, havia uma parcela considerável de pessoas que têm suas reservas em relação a Jair Bolsonaro e que preferem vê-lo afastado da próxima corrida presidencial.
Paulo Guedes corre em uma raia particular, muito além do bolsonarismo. Antes de pertencer ao governo, era um ícone do liberalismo e crítico das intervenções do Estado na economia e do enorme naco que a Receita Federal que retira do faturamento das empresas. Sua gestão foi marcada por iniciativas que melhoraram o ambiente de negócios e reduziram a burocracia estatal. Na prática, ele representa o oposto daquilo que temos hoje em Brasília, um desleixo fiscal que constantemente é alvo de apupos dos empresários. Portanto, é fácil de entender a razão pela qual ele foi tão aplaudido pelos convidados da Brazilian-American Chamber of Commerce.
O empresariado está de braços abertos para apoiar eventuais candidatos que se mostrem alinhados (mesmo que indiretamente) à agenda liberal. Durante os eventos que foram realizados nesta semana, os governadores Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado e Eduardo Leite, por exemplo, foram alvos de tietagem explícita por parte dos brasileiros que estavam em Nova York. Já as demais autoridades receberam as adulações de praxe de quem precisa estar de bem com congressistas e ministros.
Os governadores, porém, obtiveram um carinho espontâneo e foram brindados com uma atenção especial – com Tarcísio de Freitas liderando o ranking de admiração em todos os eventos dos quais participou. Ainda é cedo para cravar se um dos três será de fato postulante ao Planalto, já que existem variáveis que fogem ao controle destes políticos para materializar uma candidatura.
Mas, pelo que se pôde ver em Nova York, a torcida é grande. Especialmente por Tarcísio.