A primeira mulher na vida de um homem é sua mãe. E, com as mães, aprendemos lições que podem ficar ou não em nossas personalidades. Muitas delas são diluídas ao longo da vida, substituídas por insights do mundo masculino que vão tomando corpo dentro de cada um de nós.
Mas é com nossas mães que aprendemos a noção de certo e errado. Com elas, experimentamos extremos como a dor do castigo e o amor através de um carinho espontâneo e aleatório. Ou a sensação de alívio que vem com o perdão e uma bronca sem precedentes quando passamos do ponto. A mãe é nossa referência de equilíbrio, de justiça e de dignidade.
Conforme vamos crescendo, percebemos que nossas mães não são infalíveis e, na adolescência, fazemos pouco daquelas noções antiquadas de comportamento e de certas manias (“leva um casaco”) que podem ser um desafio à paciência.
Aos treze anos de idade, meus pais se separaram. E vi minha mãe, uma bióloga com pós-graduação (algo raríssimo para quem nasceu em 1935), ter que refazer a vida profissional do nada, pois havia largado sua carreira para se casar. E aprendi mais uma lição – a de aquela senhora com fala mansa e olhar desconfiado era uma leoa, que foi aos poucos reconquistando seu lugar no mercado de trabalho, mesmo após um longo período de inatividade.
O tempo passou e, agora, tomo lições diárias de vida com minha mulher e minha filha.
Com Cristina, aprendo diariamente sutilizas na arte de empreender e, principalmente, como conjugar resiliência e doçura – algo que eu não julgava ser possível. Com ela, passei por um intensivão de empatia e aprendi a compreender melhor os outros. E entendi que uma vida adulta não precisa ser séria o tempo todo.
Já com Malu, experimento um Big Bang a cada dia. Ela é aquele tipo de pessoa que acumula energia e a faz explodir de várias maneiras: em um comentário sarcástico, em suas sessões diárias de dança ou nas gargalhadas que escuto da sala enquanto ela conversa com as amigas pelo celular. Acompanho sua evolução como adolescente (ela faz treze anos daqui a alguns dias) e relembro o quanto é difícil deixar a infância para trás. Me surpreendo como ela faz isso com leveza e me esforço para entender o que está por trás disso.
Fico feliz por perceber que ela captou os valores que ensinamos – mas sempre tomamos um susto ao enxergarmos que os pequenos da atualidade têm uma maturidade fora do comum para certos assuntos.
Hoje, vejo com naturalidade as diferenças entre homens e mulheres e acredito que essas forças, combinadas, podem impulsionar a humanidade a um novo patamar. Se os dois lados tiverem a grandeza e a capacidade de amalgamar essas capacidades para capturarmos o que há de melhor em cada um de nós, encontraremos fórmulas melhores e mais inclusivas de reduzir as desigualdades e democratizar a prosperidade. E de conviver bem com as diferenças – o único caminho para a evolução intelectual e emocional.