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O fascínio do “old money” junto aos mais jovens

Recentemente, conversava com um amigo sobre o comportamento dos filhos adolescentes e ele me disse o seguinte: “Meu filho é fã do ‘old money’”. Achei interessante um garoto, nos dias de hoje, se interessar por hábitos de quem tem dinheiro há muito tempo e foge da ostentação. Dias atrás, minha filha, ao criticar o comportamento de uma colega, disse que a atitude da conhecida era típica de “new money”. Para finalizar, na semana passada, li um artigo no jornal “O Globo” com o seguinte título: “A geração Z e o old money”.

Fiquei intrigado. Afinal, os jovens geralmente se conectam com o exagero da novidade. Nos anos 1980, por exemplo, os profissionais que ganhavam dinheiro no início de suas carreiras eram autodenominados de “yuppies”, a gíria para “Young Urban Profissionals” (“jovens profissionais urbanos”). O que esse pessoal fazia com o dinheiro? Gastava tudo em grifes e carrões da moda.

A geração Z, no entanto, foi moldada pelo aspecto utilitário de coisas que, no passado, foram símbolos de status. O carro, para essa garotada, pode ser trocado pelo Uber ou demais aplicativos de transporte; a posse de um imóvel de luxo deixou de ser tão importante – o grande lance é morar perto do trabalho e em locais pequenos; as viagens passaram a ser um objeto de desejo muito mais pela experiência do que pelos preços de passagem e de estadia.

Para muitos desses jovens, a ostentação é algo a ser rejeitado. Não deixa de ser contraditório: com as redes sociais, nunca tivemos tanta gente se exibindo em fotografias ou em vídeos. E temos, neste cenário, um número crescente de indivíduos que preferem a discrição em vez de postar momentos grifados de suas vidas.

Quem não quer ostentar vê horrorizado uma sequência de pessoas que fazem questão de registrar seus momentos em jatinhos, helicópteros ou clubes exclusivos. São as mesmas pessoas que postam os instantes em que compraram um relógio de ouro, provaram um terno de US$ 60.000 ou compraram (ou alugaram) um Rolls-Royce para deixar em sua garagem na casa de Miami.

Quando esses jovens que se recusam a ostentar descobrem adultos ricos que têm um comportamento semelhante, surge uma curiosidade: quem são essas pessoas? Depois de uma rápida pesquisa, a dúvida é sanada: são pessoas que têm dinheiro há muito tempo.

O “noveau riche”, que topa qualquer situação vexatória para aparecer em função de luxos exagerados, parece estar em decadência – mas sempre fará parte da cultura capitalista.

Os símbolos máximos de elegância, no entanto, são sempre de pessoas que não se deixam seduzir pelo espalhafato do dinheiro novo. No livro “A Noiva Ladra”, a escritora Margareth Atwood (a mesma de “O Conto da Aia”) escreve uma frase que explica bem o comportamento dos novos-ricos quando comparado ao de quem é “old money”: “O dinheiro velho sussurra; já o dinheiro novo grita bastante alto”.

Entre todas as séries de TV e filmes produzidos por Hollywood, talvez nenhuma outra obra tenha retratado tão bem o “old money” como o seriado “Downtown Abbey”. Entre todos os personagens desta série, o da falecida Maggie Smith, como Violet Crawley, se destaca.

Em uma determinada cena, um dos personagens diz que vai trabalhar em uma banca de advocacia. Seu primo mais velho retruca que sua intenção era coloca-lo para gerir os negócios imobiliários da família. O jovem advogado, então, diz que o dia tem muitas horas para isso – sem contar os finais de semana. Neste momento, entra Violet Crawler, com o semblante confuso, perguntando ao filho: “O que é um final de semana?”.

Essa é a melhor e mais sutil tradução de “old money” que se pode fazer.

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