A última pesquisa Quaest, divulgada ontem, mostra uma recuperação consistente da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: pela primeira vez, desde o início do ano, os índices de desaprovação (49%) e aprovação (48%) estão tecnicamente empatados. Quando comparamos esses números com os registrados em maio, observa-se o tamanho deste reerguimento. Naquele mês, a desaprovação do presidente era de 57%, contra uma aprovação de 40%.
Feliz da vida, Lula está em clima de “já ganhou”. “Quando chegar a época das eleições, cada um vai para o canto que quiser. Eu não vou implorar para nenhum partido estar comigo. Vai estar comigo quem quiser estar comigo. Eu não sou daqueles que ficam tentando comprar deputado. Não, vai ficar comigo quem quiser”, disse ele à TV Mirante, do Maranhão. “Se gente brincar em serviço, a gente acaba dando para o adversário a chance de ganhar que ele não tem hoje. É muito difícil alguém ganhar as eleições de nós em 2026, o governo vai terminar muito bem, o Brasil está vivendo um momento excepcional”.
Diante de tanto otimismo, é o caso de se perguntar: Lula está sendo realista ou se achando a última bolacha do pacote cedo demais?
Lembremos que o presidente conseguiu reverter um cenário aparentemente inexorável em questão de meses. Mas isso não quer dizer que os perigos que cercavam sua reeleição estejam totalmente eliminados. O Brasil, ao contrário do que diz Lula, não está passando por um “momento excepcional”. Ainda estamos enfrentando desafios complicadíssimos, com juros altos e crédito bastante restrito para empresas que não vivem exatamente em um mar de rosas. Em 2024, por exemplo, tivermos um recorde histórico no pedido de recuperações judiciais: 2.273 processos. Em 2025, esse índice melhorou um pouco, mas ainda está acima da média histórica. São cerca de 142 pedidos mensais (contra 125, o padrão dos anos anteriores).
Além disso, é preciso lembrar que a aprovação de Lula está longe de ser majoritária. Um empate técnico entre aprovação e desaprovação não configura um cenário de estabilidade política, muito menos de favoritismo incontestável. A base de apoio do presidente continua fragmentada, e a relação com o Congresso segue marcada por tensões e negociações difíceis.
Do outro lado, a direita não está morta. Pelo contrário: os conservadores seguem com uma base fiel, presente nas redes sociais e em setores estratégicos da sociedade, como agronegócio, empresariado e igrejas evangélicas. A força demonstrada nas eleições municipais de 2024, com vitórias expressivas em capitais e cidades médias, também mostra que há um terreno fértil para a construção de uma candidatura de oposição competitiva em 2026.
Além disso, figuras da direita continuam com alto grau de engajamento popular. Mesmo com os desgastes, nomes como Tarcísio de Freitas e Romeu Zema mantêm índices de aprovação elevados em seus estados e são vistos como alternativas viáveis para uma candidatura nacional. Correndo em uma raia independente, mas com chances de surpreender, vem o governador paranaense, que começa a se apresentar, em algumas ocasiões, como “Carlos Massa Ratinho Jr.”.
Por fim, a economia mostra sinais de desaceleração depois de muitos meses com juros altos. Como muitos brasileiros votam com o bolso, qualquer frustração econômica pode abrir espaço para um discurso da mudança vindo dos oposicionistas.
Portanto, Lula pode estar comemorando antes da hora. A direita, com estratégia, unidade e um bom nome, ainda tem condições de disputar — e vencer — a eleição de 2026. Mas o jogo está longe de terminar. E como sabemos, em política, três meses podem ser uma eternidade. Imagine então o que pode acontecer em pouco menos de um ano.
Respostas de 2
Lula e sua equipe se poder são muito inútil… zero Brasil zero pátria amada !! Que os ricos (1400) que foram embora em 2025 pare eles (PT ) e” uma glória pois quanto menos cérebros pensantes ficarem melhor pois não os ameaçam ….. enquanto isto mais benefícios , que sim estes levam votos para a Esquerdalha mesmo elevando a dívida pública etc enfim o povo é um sapo na panela!! Esperando o juízo final
Pois é. Quem canta vitória antes da hora, corre um grande risco de quebrar a cara. Ainda mais com as pesquisas dando empate técnico. Se houvesse uma larga vantagem, se o país estivesse “voando”, OK. Mas não. Existem sim, diversos aspectos que vão muito bem, a começar pela taxa de desemprego, os bancos, financeiras, nunca ganharam tanto (mas, claro, continuam fazendo como sempre fizeram. Cospem no prato que comem). tem muita água pra rolar debaixo da ponte. Vamos ver como será realmente o desfecho da conversa sobre o tarifaço, como ficarão os juros, como ficará nossa balança, de que forma o governo irá conseguir compensar as derrotas que tem acontecido no Congresso (a começar pelo corte recente de quase 20 BI), dentre tantos outros aspectos importantes que ajudam a definir a eleição. Mas, uma coisa também é verdade. O povo acordou, de certa forma, e tem rejeitado, cada vez mais, políticos oportunistas e partidos onde o fisiologismo é a tônica. Acho que o quadro está totalmente aberto e acredito, inclusive, que uma candidatura que tenha frescor (como Ratinho Jr, por ex), que não fique presa a esta guerra de “direita ou esquerda”, que se apresente como uma 3a via, de consenso, de união, pode surpreender. O povo está cansado de discursos raivosos como o de Caiado (tentando replicar o formato Bolsonaro?); fracos e risíveis como Zema, ou mesmo de “Lula de novo?!”. Não acho, tampouco que Ciro tenha chances. Apesar de ser “muuuito bom de palco”. E é corajoso. O povo gosta disso. Mas, enfim, eu, confesso, não apostaria minhas fichas em ninguém neste momento. Salvo se Lula e seus interlocutores conseguirem amansar as feras americanas e virarem o jogo a nosso favor. Hipótese difícil, mas não impossível. MAS, se isso efetivamente acontecer, aí fica difícil segurar Lula. A ver as cenas dos próximos capítulos.