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Débora: de Bete a Odete

A primeira vez que reparei em Débora Bloch foi na novela “Sol de Verão”, da TV Globo. Ela fazia o papel de “Clara” e era filha da personagem Rachel, vivida por Irene Ravache. Naquela época, era ela conhecida como a filha do ator Jonas Bloch. Hoje, ele é lembrado por ser pai de Débora.

Alguns anos mais tarde, ela fez o papel principal de “Bete Balanço” e fincou seu nome no mapa. Em seu lançamento no Rio de Janeiro, a película conseguiu formar filas quilométricas nos cinemas por contar a saga de uma menina que vinha da cidadezinha mineira de Governador Valadares para tentar a sorte no showbiz carioca.

Na trama, ela conhece Rodrigo (Lauro Corona) que a ajuda a se encaixar na cena musical do Rio de Janeiro. A cena em que os dois vão à praia e se sentam em uma rodinha com o pessoal do Barão Vermelho é suficiente para mostrar todo o carisma de Cazuza, que poderia ter sido um bom ator (Roberto Frejat fica calado o tempo todo ao lado dele).

Depois disso, sua carreira deslanchou, com outros filmes e novelas. Mas um dos melhores trabalhos de Débora foi como comediante, no extinto humorístico “TV Pirata”. Um dos melhores quadros era chamado “As Presidiárias”, no qual ela fazia uma detenta religiosa, que se contrapunha à masculinizada Tonhão, vivida por Cláudia Raia.

Débora voltou às manchetes nesta semana, quando surgiu, na novela “Vale Tudo”, como a segunda encarnação da vilã Odete Reutemann (como já disse em outro artigo, me recuso a escrever este sobrenome de outro jeito).

Muitos a criticaram por sua atuação, comparando com a de Beatriz Segall, a Odete de 1988. Mas poucos pararam para pensar que Beatriz naturalmente trazia um porte aristocrático para qualquer roteiro. Um personagem anterior, Celina, de “Dancin’ Days” (a mãe de Cacá, vivido por Antonio Fagundes), já carregava alguns tiques da vilã de “Vale Tudo”. Alguém poderia argumentar que o autor das duas novelas – Gilberto Braga – era o mesmo. Mas o que dizer de Noêmia, de “O Ninho da Serpente”, exibida pela TV Bandeirantes? A presença refinada de Odete está em todos os instantes dessa ricaça, em um tipo que caía sob medida para Beatriz Segall.

Será que essa pegada faria sentido em um mundo dominado pela tecnologia?

A escolha de Débora Bloch foi por um esnobismo mais direto, menos sutil, com pitadas de “quiet Luxury”. A Odete original era uma acionista. Já a atual põe a mão na massa e é chamada por sua filha de “grande executiva”. Débora entrega uma Odete convincente, com um olhar que oscila entre a reprovação aos outros e auto-estima à toda prova.

E se passaram 41 anos de Bete a Odete. Que trajetória. Parabéns, Débora Bloch.

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