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A série “Adolescência” sai da tela e vai para a vida real

É como se, dois meses e meio após sua estreia, a série “Adolescência” saísse das telas e chegasse à vida real. Dois assassinatos de adolescentes provocados por motivos torpes sacudiram a sociedade no último mês e deixaram pais preocupados e abalados. Um deles foi no início de maio, quando uma menina foi esfaqueada em plena sala de aula. O motivo, segundo o autor: “Eu fiz porque tinha inveja do fato de ela simbolizar a alegria que eu não tinha”. Nesta semana que passou, uma jovem morreu após comer um bolo envenenado com arsênico, enviado anonimamente por uma conhecida. A razão? Ciúmes.

Esse mundo atual é estranho e inóspito: desde quando a felicidade de uma pessoa pode provocar a sua morte? A vida equilibrada de um jovem deveria ser motivo de admiração, não de inveja ou de ódio.

Como no seriado de televisão, os assassinos devem ter passado várias noites planejando seus atos na solidão de seus quartos. Pesquisando online o que iriam fazer e como agir na hora H. Deixando o silêncio noturno temperar o rancor e o ressentimento até o ponto de gerar o descontrole absoluto.

Eddie Miller, o pai de Jamie em “Adolescência” vivido pelo ator e produtor Stephen Graham, diz ao final da trama: “Ele estava em seu quarto. Achávamos que ele estava seguro. Achávamos que estávamos fazendo a coisa certa”.

Isso é o que muitos de nós, pais de adolescentes, achamos. A proximidade física, no entanto, não é suficiente para manter a sanidade e o equilíbrio de nossos filhos e nossas filhas. O mundo digital é uma porta com inúmeros destinos. Nessa infinidade de opções, há aquelas que podem levar para um caminho sem volta.

Por isso, precisamos respeitar a privacidade de crianças e adolescentes, mas temos de ficar alertas para qualquer mudança e comportamento. E, mesmo que não exista nenhuma transformação, é necessário mostrar que estamos por perto e que estamos disponíveis.

Mas há jeitos e jeitos de agir dessa forma, sem forçar a barra junto aos adolescentes. Muitos pais, por exemplo, perguntam a seus filhos como foi o dia deles – e invariavelmente recebem respostas lacônicas. Com minha filha, porém, sempre tomo a iniciativa quando sinto que ela está sendo monossilábica e vou contando o que aconteceu comigo pela manhã e pela tarde. Em pouco tempo, a conversa ganha outros contornos e passa a ser um diálogo.

A série “Adolescência” foi criada por Stephen Graham depois que surgiram crimes violentos com faca na Grã-Bretanha, incluindo os assassinatos das jovens Elianne Andam e Ava White. Esses casos, no entanto, foram influenciados por fortes doses de misoginia, enquanto os ocorridos no Brasil tiveram outras causas, igualmente vis.

Os pais desses adolescentes viveram o maior pesadelo de qualquer ser humano, agravado ainda pela motivação ignóbil dos crimes. Eles seguramente viverão um estado de melancolia permanente, como se tivessem daquelas feridas que nunca são curadas. É como diz um provérbio inglês, que escutei há muito tempo: “O luto não é sinal de fraqueza, nem de falta de fé. É o preço do amor”.

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