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Na Califórnia, o estado quer ditar o consumo

Um dos pilares do capitalismo é justamente a liberdade de escolha. Os regimes capitalistas sempre têm mecanismos para evitar monopólios, de forma que o consumidor sempre tem a chance de escolher entre diversos produtos, que são oferecidos por uma gama maior ou menor de fabricantes. Mas o que pode acontecer quando um estado (com “e” minúsculo mesmo) quer ditar o que o cidadão pode ou não comprar?

É o que deve ocorrer nos Estados Unidos, mais precisamente na Califórnia. Uma lei estadual diz que, em 2035, nenhum veículo movido exclusivamente a gasolina poderá ser vendido no estado. Quem se posicionou contra foi justamente uma das montadoras que mais aposta em veículos elétricos, a General Motors.

Artigo publicado recentemente no Wall Street Journal mostra que a montadora mandou um e-mail para milhares de executivos da empresa com um pedido: “Nós precisamos de sua ajuda. Padrões de emissão de carbono que não estão alinhados com a realidade de mercado apresentam uma séria ameaça ao nosso negócio diminuindo a escolha do consumidor e reduzindo o acesso aos veículos por um preço adequado”.

A ideia é que estes funcionários pressionem os senadores americanos a reduzir as metas californianas de emissões. O objetivo da General Motors seria anular uma medida de 2022, editada pelo governo estadual, que proibiria a venda de carros e caminhões novos movidos exclusivamente a gasolina até 2035. O Senado pode vetar já nos próximos dias o direito estadual de definir seus próprios padrões de emissões de CO2 e, com isso, permitir a venda de veículos movidos a combustível fóssil além de 2035.

A Califórnia não está sozinha nesta intenção – outros 11 estados americanos também promulgaram medidas semelhantes. Ocorre que os californianos são os maiores compradores de carros e caminhões dos EUA, daí o interesse de empresas como a General Motors sobre o tema.

A intenção dos burocratas estaduais é louvável, pois tem como objetivo reduzir a poluição. Até ai, tudo bem. O problema, no entanto, está em obrigar o consumidor a comprar apenas um tipo de produto, o elétrico. É como uma reedição da máxima de Henry Ford: você pode comprar qualquer tipo de veículo, desde que seja movido a eletricidade.

Toda vez que o governo quer determinar o que o público deve comprar, se dá mal. Neste caso específico, muitos consumidores podem assinar carros movidos a gasolina ou cruzar fronteiras estaduais para não adquirir um carro que não use combustível fóssil.

A GM, inclusive, quer mais prazo para cumprir a exigência da Califórnia, até porque houve uma redução nas vendas de elétricos. De acordo com as projeções atuais, em dez anos ainda haverá um naco razoável de consumidores querendo carros a gasolina e a montadora quer oferecer ao cliente aquilo que ele desejar.

Já faz algum tempo que a California se tornou um dos epicentros mundiais da cultura woke e seu governo reflete o comportamento de seus eleitores. Lá, por exemplo, pequenos furtos não são punidos com cadeia e os impostos estaduais subiram consideravelmente, o que provocou uma revoada de moradores e empresas para estados vizinhos, como o Texas.

Em vez de proibir a venda de carros a gasolina, o governo californiano deveria estimular os consumidores a comprarem veículos híbridos ou elétricos. Mas os governantes de esquerda têm uma característica comum em todo o mundo: eles se consideram uma instância que deve decidir o que a população deve fazer ou mesmo comprar.

A sociedade, contudo, quer decidir o que consumir – e não ser cerceada pelas autoridades.

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