Mimimi é a expressão máxima de quem se queixa por ter perdido alguma coisa. É aquele papo de perdedor, a ladainha chata de quem não se conforma com a derrota.
Nos tempos atuais, no entanto, as redes sociais produziram um novo comportamento : o mimimi do vencedor.
Tome-se como exemplo a claque de ativistas online que atacavam em bloco o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta. O titular da Saúde não aguentou o tiroteio, causado também porque partiu para o antagonismo em relação ao presidente Jair Bolsonaro, e deu mostras de cansaço antes mesmo de ser demitido pelo Planalto.
Com a saída de Mandetta, esses ativistas venceram. E, mesmo assim, os ataques ao ex-ministro continuam pela rede. Como ocorre nos dias de hoje, as farpas surgem de todos os lados, através de perfis falsos criados na internet. A grande inovação desta semana foi o uso do nome do novo Ministro da Saúde, Nelson Teich, para alfinetar o antecessor.
Ontem, havia pelo menos 60 perfis fake de Teich em pelo menos três plataformas (Twitter, Instagram eFacebook). Num deles, o @nelsonteich123, Mandetta era esculhambado da seguinte forma: “Ex-Ministro Mandetta! Me diga onde ele salvou vidas? (…) Teria salvado vidas se tivesse liberado a cloroquina para os pacientes”. Como se sabe, Teich recomenda cautela sobre o uso indiscriminado dessa droga, como deixou bem claro em “live” com Bolsonaro, embora não seja um crítico do medicamento.
A hora é de trabalhar e deixar o novo ministro colocar energias em sua missão. Por conta dessa barbaridade, ele teve de se desviar de sua tarefa prioritária — combater a pandemia — para botar os pingos nos is e se explicar aos colegas da comunidade médica. Quem é que ganha com essa manifestação de ódio online? O país é que não tem nada a ganhar com isso.