Discursos de agradecimento em cerimônias de homenagem geralmente pecam pela chatice – especialmente aqueles que louvam a família como fonte de inspiração. Durante o evento em que as personalidades do ano foram celebradas pela Brazilian-American Chamber of Commerce, nesta semana, os dois agraciados agradeceram efusivamente as esposas, pais e filhos. Mas, ao contrário do que diz a regra, os speeches foram inspiradores e prenderam a atenção do público.
O vencedor pelo lado internacional foi o CEO da Uber, o iraniano Dara Khosrowshahi. Carismático e divertido, ele contou sua trajetória de vida e de carreira com detalhes inusitados e manteve todos atentos. Gastou uma boa parte de seu tempo falando da família e sua sinceridade arrebatou a todo mundo.
Mas ele disse uma frase, após citar momentos difíceis de sua vida que faz várias cabeças balançarem em concordância: “As derrotas de ontem tornam as nossas vitórias mais saborosas. Hoje à noite, vamos celebrar as vitórias de amanhã”. Em um mundo tomado pelas redes sociais, nas quais todos querem mostrar sucesso ou ostentar algum tipo de luxo, falar de reveses é algo incomum.
Mas fracassos fazem parte da vida. E precisamos aproveitar cada um deles para aprender e melhorar. Uma derrota pode ser extremamente vantajosa se refletirmos o suficiente para não repetirmos os erros de ontem. Mas, para isso, é preciso encarar a amargura e entender as razões pelas quais falhamos. E seguir em frente.
O prêmio brasileiro foi para Fabricio Bloisi (imagem), CEO da Prosus, a holding que controla inúmeras investidas no mundo da tecnologia, incluindo o iFood. Ele recordou o início da empresa de delivery e suas dificuldades financeiras. É, como Khosrowshahi, um exemplo de superação que merece respeito.
Mas este baiano de Salvador, de grande oratória, disse uma frase que é incomum entre homens de negócios, conhecidos por sua praticidade e pragmatismo: “Eu amo estudar”.
Bloisi tocou em um ponto importantíssimo e pouco difundido entre empresários e executivos: é preciso estar em constante evolução intelectual para que seus negócios não fiquem estagnados. E o caminho inevitável para isso é o estudo. Por isso, ele tira duas semanas do ano para mergulhar em aulas de faculdades renomadas para se reciclar.
As lições de Khosrowshahi e de Bloisi ficaram marcadas na memória das 1.000 pessoas que estiveram na cerimônia realizada no Museu de História Natural de Nova York. E devem ser divulgadas e seguidas por todos nós.