Boletim de MR sobre medicina, pesquisa, inovação, saúde mental, negócios e políticas públicas
O que é a terapia genética personalizada testada em bebê
Um grupo de médicos dos Estados Unidos e do Canadá apresentaram o caso de um bebê que foi tratado com uma terapia gênica personalizada, usada pela primeira vez.
A criança foi diagnosticada com apenas uma semana de vida com uma doença chamada de deficiência de carbamoil fosfato sintetase I (CPS1), um distúrbio que afeta a capacidade do corpo de eliminar a amônia. Metade dos nascidos com esta doença morrem na primeira semana de vida.
Os médicos desenvolveram uma ferramenta de edição gênica capaz de modificar o gene da CPS1 para retirar a mutação responsável pelo distúrbio, através de uma tecnologia chamada Crispr, que funciona como um geolocalizador molecular para identificar e modificar sequencias específicas do DNA.
Para evitar que o instrumento fosse degradado rapidamente no sangue, os médicos envolveram a ferramenta em bolhas de gordura muito pequenas. Apesar do tratamento, a criança ainda continuou utilizando os medicamentos, mas em uma quantidade menor.
Esperança contra superbactérias
Uma equipe internacional de pesquisadores, liderada pela Universidade de Viena e pelo Instituto Helmholtz de Pesquisa Farmacêutica do Sarre, descobriu a saarvienina A , um novo tipo de antibiótico glicopeptídeo. Suas descobertas, agora publicadas na Angewandte Chemie International Edition , apresentam um composto com forte atividade contra cepas bacterianas altamente resistentes.
A característica especial da saarvienina A ficou clara logo no início: ao contrário de glicopeptídeos já estabelecidos, como a vancomicina, o novo composto não se liga ao alvo bacteriano típico envolvido na síntese da parede celular. Em vez disso, provavelmente atua por meio de um mecanismo diferente, ainda não esclarecido. A análise estrutural revelou uma arquitetura distinta: um núcleo peptídico halogenado ciclizado por uma ligação ureido incomum, decorado com uma cadeia de cinco unidades de açúcar e aminoaçúcar — duas das quais são completamente novas em produtos naturais.
EUA aprovam primeiro exame caseiro de papanicolau

As mulheres não vão mais precisar ir a uma clínica fazer o papanicolau. A FDA, agência reguladora de alimentos e medicamentos dos EUA, aprovou um dispositivo que permite que mulheres façam a coleta em casa.
O aparelho tem uma esponja na ponta para passar na região íntima e fazer a coleta. Em seguida, a mulher pode enviar pelo correio. As pacientes podem solicitar o dispositivo pela internet e, após passarem por uma consulta de telemedicina, receberem o material. Caso o resultado apresente alguma alteração, a paciente é encaminhada para uma consulta presencial.
Ganhos globais em saúde estão em declínio

A OMS publicou seu Relatório de Estatísticas de Saúde Mundial de 2025, revelando os impactos mais profundos causados pela pandemia de COVID-19 na perda de vidas, na longevidade e na saúde e bem-estar em geral.
Em apenas dois anos, entre 2019 e 2021, a expectativa de vida global caiu 1,8 ano — a maior queda da história recente —, revertendo uma década de ganhos em saúde.
O aumento dos níveis de ansiedade e depressão associados à COVID-19 reduziu a expectativa de vida saudável global em 6 semanas — anulando a maior parte dos ganhos obtidos com a redução da mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) durante o mesmo período.
O que MR publicou
- Medicamentos hospitalares sobem 4,18% em abril
- Anvisa proíbe bala gummy de tadalafila
- Depois do pacotaço, Trump tenta desoneraço para remédios, energia e alimentos
- 10 profissões para quem gosta de engenharia genética
Remédio de R$ 7 milhões deve atender mais de 100 pacientes com AME
O Ministério da Saúde deu início, nesta quinta-feira (15), aos primeiros atendimentos com o Zolgensma no Sistema Único de Saúde (SUS). O medicamento – um dos mais caros do mundo, podendo custar cerca de R$ 7 milhões na rede privada – é usado para tratar a Atrofia Muscular Espinhal (AME) tipo 1.
A aplicação do remédio ocorreu simultaneamente em Brasília e no Recife. A estimativa do ministro é que mais de 100 pacientes com recomendação para o uso do remédio sejam atendidos nos próximos anos.
Anvisa inicia monitoramento de resíduos de agrotóxicos em alimentos

A Agência de Nacional de Vigilância Sanitária Anvisa (Anvisa) iniciou este mês um novo ciclo de coleta de amostras do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos. A ação é uma parceria com estados e municípios e com o Laboratório Central de Saúde Pública de Minas Gerais.
O ciclo 2025 prevê a coleta de 3.505 amostras de um total de 13 alimentos, incluindo abacaxi, amendoim, batata, brócolis, café (em pó), feijão, laranja, mandioca (farinha), maracujá, morango, quiabo, repolho, trigo (farinha).
As coletas, segundo a Anvisa, estão previstas para ocorrer entre maio e dezembro no Distrito Federal e nos seguintes estados: Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.
Saúde amplia tratamento de Alzheimer grave no SUS

Uma portaria do Ministério da Saúde determina a ampliação do uso da donepezila para pacientes com forma grave da doença de Alzheimer via Sistema Único de Saúde (SUS).
Até então, o medicamento, que ajuda a preservar as funções cognitivas e a capacidade funcional, era disponibilizado na rede pública apenas para pessoas com formas leves ou moderadas da doença. Em nota, a pasta informou que, a partir de agora, pacientes com forma grave da doença poderão usar a donepezila em conjunto ou não com a memantina, medicação já disponibilizada pelo SUS.
Como um imposto pode reduzir a mortalidade infantil

O aumento na carga tributária dos cigarros pode diminuir a mortalidade infantil e também a associação entre essas mortes e as desigualdades socioeconômicas. É o que mostra um estudo internacional, publicado na revista científica The Lancet, e que avaliou dados de 94 países de baixa e média renda, incluindo o Brasil.
Os pesquisadores ressaltam que a exposição ao tabaco, seja no útero ou de forma passiva durante a infância, causa aproximadamente 200 mil mortes anuais de crianças menores de 5 anos no mundo, apesar de ser um fato completamente evitável. O estudo também aponta que tanto a prevalência do tabagismo quanto a exposição de crianças à fumaça secundária costumam ser maiores entre pessoas de menor status socioeconômico.
(com Agência Brasil, OMS, Science Daily)