Nova fase da Operação Sem Desconto apura fraudes em contribuições de aposentados; associação suspeita teria movimentado mais de R$ 200 milhões
A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quarta-feira (14) uma nova fase da Operação Sem Desconto, que investiga um esquema de fraudes envolvendo descontos indevidos nas aposentadorias e pensões pagas pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Os agentes cumprem dois mandados de busca e apreensão na cidade de Presidente Prudente, interior de São Paulo. A operação foi autorizada pela Justiça Federal no Distrito Federal e tem como alvo um operador financeiro ligado à Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Rurais do Brasil).
Segundo a PF, o investigado é suspeito de adquirir veículos de luxo com recursos desviados do Fundo do Regime Geral da Previdência Social (RGPS/INSS). A Conafer teria recebido mais de R$ 100 milhões por meio de descontos questionáveis aplicados aos benefícios de aposentados.
As investigações revelaram um crescimento exponencial nos valores recebidos pela entidade. Entre 2019 e 2020, período marcado pela pandemia de covid-19, os repasses à Conafer saltaram de R$ 350 mil para R$ 57 milhões, um aumento de 16.185%. O volume continuou crescendo nos anos seguintes: em 2023, o total arrecadado ultrapassou os R$ 202 milhões, mais que o dobro do valor registrado em 2022.
A primeira fase da Operação Sem Desconto foi deflagrada no fim de abril e resultou na demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, além do afastamento de outros cinco servidores públicos.
O escândalo também levou à queda do então ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT). Em seu lugar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nomeou Wolney Queiroz.
De acordo com a PF, os descontos irregulares aplicados aos benefícios podem ter somado cerca de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Ainda não há estimativa exata do total efetivamente desviado pelo esquema fraudulento.