Na semana passada, a TV Globo fez 60 anos e uma série de vídeos comemorativos tomou as redes sociais, cada qual celebrando um destaque da programação da emissoras nessas seis décadas de existência. Um deles me chamou a atenção: trata-se da recuperação do cenário do primeiro noticioso do cana 4 carioca, antes mesmo do Jornal Nacional, que se chamava Tele Globo e teve como uma das apresentadoras a atriz Natália Timberg, uma das grandes damas do teatro brasileiro, que foi chamada para gravar um post.
Lembrei-me, então, de um programa que marcou a minha infância – o infantil “Zás-Trás”, que era apresentado por Mércia Cardeal, que ficou conhecida como “Tia Márcia” pela criançada. Ela era secundada por Aristides Molina, que depois ganharia um programa somente seu na TV Bandeirantes (“Tio Molina”), também um sucesso entre a garotada, pois passava os desenhos do Pica-Pau e do Zé Comeia.

Um dia, meu pai me chamou à noite e disse que eu iria participar do “Zás-Trás” na tarde seguinte. Fiquei eufórico e quase não dormi à noite. Na minha cabeça, eu iria não só conhecer a Tia Márcia e o Titio Molina, como também “entraria” nos desenhos apresentados na TV (como se isso fosse possível). Fiquei imaginando que contracenaria com os gatos do desenho “Manda-Chuva”, como o Batatinha e o Chuvisco.
Chegando lá, fiquei um tanto ofuscado pelos refletores e, quando percebi que a minha fantasia não se concretizaria, fiquei brincando com as outras crianças, participando de alguns jogos. Sempre que podia, tentava conversar com a Tia Márcia, que se mostrou atenciosa e muito simpática.
Muito antes de Xuxa, a Tia Márcia foi a primeira rainha dos baixinhos e levava muito jeito para a coisa. Tanto que, quando deixou a carreira televisiva, abraçou a profissão de professora e chegou ao posto de diretora de escola.
O Zás-Trás foi interrompido por alguns anos e retomado no início dos anos 1970, com a própria Márcia como apresentadora. Mas, nessa época, surgiu uma concorrente: Giovanna Ruggier, que comandava a Sessão Patota na TV Tupi. Esse programa infantil tinha atrações inusitadas, como o seriado “Lancelot Link”, que tinha um chimpanzé como detetive particular (não era desenho animado e mostrava símios de verdade dublados por vozes humanas).

Outro ponto alto era a série “Thunderbirds”, no qual bonecos que se movimentavam com fios de nylon eram os personagens principais. Meu favorito, porém, era a “Pantera Cor-de-Rosa”, sempre divertida e um tanto sádica com seus oponentes. Giovanna estrelava também um comercial que ficou muito famoso na época, o da Gotas de Pinho Alabarda. E se despedia da molecada com um “beijãozãozãozãozão”.
Voltando ao Zás-Trás. Como o programa era apresentado ao vivo e naquela época não havia videocassete, tenho apenas um registro desse momento especialíssimo para mim: a foto que ilustra esse texto, Será que vocês conseguem adivinhar quem sou eu, em meio a tantos guris?