Obra do século XX mais cara já leiloada, “Shot Sage Blue Marilyn” (US$ 195 milhões) superou “Les Femmes d’Alger”, de Picasso
A Imagem da Semana é uma das obras mais representativas da pop art. Vendida na segunda-feira (9) em um leilão da Christie’s que durou apenas 4 minutos, “Shot Sage Blue Marilyn” foi arrematada por US$ 195 milhões – o equivalente a pouco mais de R$ 1 bilhão -, tornando-se a obra de arte mais cara do século XX vendida em leilão, posto que era ostentado por “Les Femmes d’Alger”, do espanhol Pablo Picasso, adquirida por US$ 179,3 milhões em 2015. Criado por Andy Warhol, em 1964, a partir de um retrato de divulgação de Marilyn Monroe (1926-1962) para o filme “Niagara” (“Torrentes de Paixão”, no Brasil), de 1953, o trabalho integrou a série “Shot Marilyns”, cinco representações da atriz hollywoodiana, cada com uma cor predominante. O comprador foi o negociante de arte americano Larry Gagosian, mas não foi divulgado quem ele representaria ou se ficaria com a obra.
Medindo cada uma pouco mais um metro de largura e altura, os quadros ganharam notoriedade depois que a atriz performática Dorothy Podber, em visita ao estúdio, perguntou se poderia poderia tirar alguns “shots”. Warhol concordou, achando que ela faria fotos. Podber tirou uma arma da bolsa e disparou contra os quadros, que estavam encostados uns contra os outros. Quatro foram atingidos na altura da testa da imagem da atriz – e depois restaurados. Só o fundo azul turquesa ficou intacto, pois estava em outro canto do estúdio. Todos foram vendidos, revendidos e doados nas décadas sguintes: “Blue Shot Marilyn” foi comprado por US$ 5 mil em 1967; “Shot Red Marilyn”, por US$ 4,1 milhões na mesma Christie’s, em 1989; “Orange Marilyn”, por US$ 17,3 milhões, em 1998, foi revendida por cerca de US$ 200 milhões em 2017, em uma compra privada; e “Turquoise Marilyn“, o único não danificado, saiu por US$ 80 milhões, em 2007. Warhol era fascinado por celebridades, em especial a Monroe, que o inspirou várias vezes na década de 1960 (abaixo).
Nem por isso, é o quadro mais caro já negociado. Atribuído a Leonardo da Vinci, “Salvator Mundi” foi produzido entre 1499 e 1510, hoje pertence ao príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman (suspeito de ordenar o assassinato e esquartejamento do jornalista exilado Jamal Khashoggi), e custou US$ 450,3 milhões em um leilão em novembro de 2017. Entre “Salvator Mundi” e “Shot Sage Blue Marilyn” há trabalhos de Kooning , Cézanne, Gauguin, Pollock e Rembrandt negociados em vendas privadas entre R$ 300 milhões e R$ 200 milhões.
Além do valor artístico intrínseco, o leilão do quadro de Marilyn mostra que o mercado de arte recuperou a boa forma graças aos novos compradores, em especial jovens colecionadores árabes e asiáticos.
As Marilyns de Warhol





