A expectativa de um aumento dos juros mais intenso nos Estados Unidos teve impacto extra nas novas empresas de tecnologia e fez o valor de mercado do Nubank cair abaixo do valor do Itaú. Assim, o Nubank perdeu o posto de banco mais valioso da América Latina.
A fintech terminou a sexta-feira (14) avaliada em US$ 37,4 bilhões, enquanto o maior banco privado do Brasil valia US$ 39,5 bilhões. Quando abriu capital, em dezembro, o Nubank foi avaliado em US$ 42 bilhões. Neste começo de 2022, o banco digital, que fez uma das maiores aberturas de capital nos Estados Unidos no ano passado, vê sua ação cair 13,4%.
O movimento é geral. O índice de empresas de tecnologia Nasdaq já cai quase 5% este ano, enquanto os bancos como Goldman Sachs, JPMorgan, Citi e Morgan Stanley passaram a prever elevação de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) já em março, seguida de mais três altas até dezembro. De zero, o juro dos EUA deve ir para 2% ou 2,5%, tornando mais caro o custo de capital para as empresas. E as de tecnologia são as que mais precisam de dinheiro.
O movimento de mercado que tirou do Nubank o posto de banco mais valioso da América Latina contrasta com as expectativas de analistas para os resultados da fintech. Após o IPO, bancos de investimento começaram a cobrir a ação com estimativas otimistas para o futuro, com previsões de lucros bilionários a partir de meados desta década.
Em relatório divulgado na quinta-feira (13), o UBS BB previu que o Nubank deve chegar a 52 milhões de clientes nos resultados do quarto trimestre de 2021, que ainda serão divulgados. A operação ainda dará prejuízo, mas os analistas destacaram que, pelo critério ajustado, ficará próxima do zero a zero, com perda de US$ 15 milhões.