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Quando se confunde coragem com irresponsabilidade

Dias atrás, um influenciador com 2 milhões de seguidores levou 60 pessoas para expedição ao Pico dos Marins (imagem), um dos pontos mais altos do estado de São Paulo – e local no qual já houve várias mortes de exploradores que subestimaram os perigos da região. O propósito do líder da turma era oferecer “códigos que destravassem a mente” – talvez uma forma de ganhar coragem para correr os riscos necessários para chegar ao sucesso.

Como foi noticiado amplamente pela imprensa, a iniciativa não deu certo. Do grupo original de 60 membros, apenas 32 tentaram chegar ao topo, passando frio e enfrentando uma atividade para a qual não tinham treinamento. O mau tempo, porém, inundou barracas e deixou todos à mercê da hipotermia. No final, os bombeiros foram chamados para uma operação de resgate que durou horas.

O organizador da expedição se defendeu pelas redes sociais e disse o seguinte: “Algumas pessoas não suportam quem corre risco. Se você não corre risco, dificilmente você vai chegar no topo. Nossa subida na montanha, a gente correu muito risco. E aí alguém fala: ‘mas para que correr risco?’. Você que não quer correr risco, fica na sua casa assistindo os stories. Eu não mandei ninguém subir, eu fui na frente. Fui lá, subi e resolvi. Cada um subiu na sua responsabilidade”.

Bem, se alguém organiza um grupo para realizar algum tipo de atividade e cobra por isso (o que parece ser o caso), essa pessoa se torna responsável pelas demais. Simples assim. Especialmente se este indivíduo se coloca diante dos outros como uma espécie de guru.

Há um limite entre a coragem para “destravar a mente” e “correr riscos” e a irresponsabilidade total e completa. Um empresário não tem sucesso apenas porque correu riscos – mas também porque soube avaliá-los corretamente. A atividade empresarial, em si, não é sinônimo de êxito. Pelo contrário. Muitos ficam no caminho e fecham suas companhias porque não conseguem entender a relação custo-benefício que existe no enfrentamentos de perigos e ameaças.

O exemplo ocorrido no interior de São Paulo é significativo. Buscar o sucesso não é correr riscos desnecessários e previsíveis. Ter coragem para enfrentar os desafios é apenas uma parte do atividade empresarial. Avaliar o mercado e antecipar suas necessidades, sempre mutantes, é outra. Ter resiliência para se manter de pé é outro fator importante. Ser criativo e ágil também. Mas todas essas qualidades caem por terra quando o empreendedor é irresponsável. Lembremos do ditado milenar: “o dinheiro não aceita desaforos”. Um desses desaforos é justamente a irresponsabilidade.

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