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Planalto decidiu pela demissão de Segovia ao avaliar que delegado perdera capacidade de interlocução

Por Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) – A decisão de trocar o comando na Polícia Federal foi tomada na noite de segunda-feira, depois de uma avaliação de que Fernando Segovia havia perdido a capacidade de interlocução com o Judiciário e o Ministério Público, além de ter gerado divisões dentro da própria PF após uma entrevista à Reuters, disseram fontes palacianas.

Quando a entrevista concedida à Reuters foi publicada, no dia 9 de fevereiro, a avaliação no Planalto já era de que havia sido “um tiro no pé”.

Apesar da defesa que Segovia fez do presidente, o então diretor-geral, ao dizer que não havia indícios de crime no chamado inquérito dos portos e indicar que o mesmo poderia ser arquivado, deu mais evidência ao caso e acabou tornando o arquivamento puro e simples mais difícil.

Demitir Segovia naquele momento, no entanto, alimentaria a crise e causaria constrangimento ao diretor-geral que foi escolhido diretamente pelo presidente, com indicações de auxiliares próximos. A criação do Ministério de Segurança Pública, no entanto, criou o momento para a troca na PF ser feita.

“Ele não tinha mais diálogo com o STF, com a PGR. E acabou por alimentar divisões internas dentro da Polícia”, justificou uma das fontes. “Jungmann precisa de coesão nesse momento.”

A troca do comando da PF também é uma demonstração de força do novo ministro. O Planalto informa oficialmente que Jungmann recebeu carta branca para nomear sua equipe –normalmente a troca do comando da PF é decidida em conjunto com o presidente da República.

Temer se reuniu na noite de segunda-feira com Jungmann, quando a troca foi acertada. O nome de Rogério Galloro –que era o preferido do ministro da Justiça, Torquato Jardim, para substituir o ex-diretor-geral Leandro Daiello, em novembro do ano passado– foi sugerido por Jungmann.

Segovia foi pego de surpresa pela decisão, disse a fonte. O delegado, que esteve na posse de Jungmann, esteve em uma longa reunião com Jungmann e outros secretários da pasta. O diretor-geral só teria sido informado da demissão depois da reunião.

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