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Clima adverso reduz produtividade da soja em Mato Grosso, dizem produtores

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) – Chuvas escassas e localizadas durante dezembro em Mato Grosso reduzirão a produtividade das lavouras de soja, ameaçando cortar a safra no maior produtor da oleaginosa no Brasil, disseram nesta quarta-feira agricultores de várias regiões do Estado.

A falta de boas chuvas e as altas temperaturas também estão acelerando o ciclo das plantações de soja, levando alguns produtores mato-grossenses a antecipar a colheita nas áreas mais secas e adiantadas, ainda que obtenham uma produtividade aquém do esperado.

“Eu tive dez dias de seca em minha propriedade, deu uma chuva, mas veio o sol de novo. Mas tem fazendas com 20 dias de sol. Vai ter perdas, o quanto, é difícil falar”, disse o produtor Laércio Lenz, de Sorriso (MT), maior município produtor de soja do Brasil.

A safra de Mato Grosso está projetada pelo Ministério da Agricultura em cerca de 32 milhões de toneladas, ou mais de 25 por cento de toda a produção nacional na temporada 2018/19.

Lenz disse à Reuters, por telefone, que só vai ser possível ter uma ideia melhor do dano gerado pela irregularidade climática quando começarem as primeiras colheitas em Sorriso, município que costuma produzir mais de 2 milhões de toneladas de soja.

Algumas regiões de Mato Grosso, que plantaram mais cedo para realizar uma segunda safra de algodão dentro de uma janela climática mais favorável, já estão iniciando os trabalhos de colheita de soja, como é o caso de áreas em Sapezal e Campo Novo do Parecis, conforme os relatos.

Segundo Lenz e outros produtores, o tempo mais seco também antecipa o momento da colheita, uma vez que acelera o ciclo da planta. Porém, nas áreas em que isso ocorre, a produtividade é menor do que o potencial. Ele disse que cerca de 70 por cento do município de Sorriso tem enfrentado adversidade climática.

“Cada dia de ciclo que antecipa é uma saca de perda (por hectare). Se a expectativa era começar a colheita no dia 15 (de janeiro), e vai colher dia 8, são sete sacas a menos”, estimou ele, lembrando que, com a seca, o grão fica mal formado e sem o peso adequado.

O Mato Grosso teve média de produtividade de mais de 56 sacas por hectare na safra passada, um recorde, algo que na avaliação do produtor não deve se repetir.

O presidente da associação dos produtores de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Antonio Galvan, afirmou que a região leste é a mais atingida pelo tempo seco. Ele disse ainda que em algumas áreas, como o sul, choveu no Natal, mas não de forma generalizada.

“Já comprometeu as lavouras. Em talhões plantados mais cedo, a perda é de 50 por cento em partes das lavouras. Ficou 20 dias sem chuvas no sul”, disse Galvan, observando que ainda é difícil ter uma ideia sobre o impacto da seca para todo o Estado.

Dados do Refinitiv Eikon, da Thomson Reuters, indicam que as chuvas foram irregulares e com volumes relativamente baixos em boa parte do mês no Mato Grosso. E a previsão até o dia 10 de janeiro é de que as precipitações continuem abaixo da média nos Estados do Centro-Oeste.

Nos Estados do Sul do Brasil, as chuvas até o início de janeiro deverão ficar acima da média, após uma seca já ter reduzido a expectativa de safra no Paraná, segundo produtor nacional de soja, conforme estimativa do governo do Estado.

Outro Estado prejudicado pelo clima foi o Mato Grosso do Sul, segundo especialistas, colaborando para impactar a safra total do Brasil, estimada pelo governo em pouco mais de 120 milhões de toneladas, um ligeiro crescimento ante o recorde da safra anterior. Antes da seca, contudo, alguns analistas chegaram ver um potencial de cerca de 130 milhões de toneladas.

CHUVA SÓ METADE

O produtor Arlindo Cancian, de Canarana, no leste mato-grossense, confirmou que a região foi muito prejudicada pela falta de chuvas.

“Tem vários produtores que estou acompanhando que estão com problemas, com perda na safra deste ano. As chuvas estão muito localizadas. Eu mesmo plantei 900 hectares, e metade da lavoura tem chuva, e metade não tem chuva”, comentou, destacando também que as temperaturas estão muito elevadas.

Ele disse que em áreas mais arenosas, solo considerado de pior qualidade, vai haver mais problemas. Também sofrerão as lavouras mais novas, com menos matéria orgânica restante de safras anteriores, que ajuda a manter a umidade.

Segundo o produtor José Guarino Fernandes, que cultiva em Sapezal, no oeste do Estado, as condições climáticas também estão difíceis por lá. “Chuva muito irregular, áreas pontuais do município com mais de 20 dias sem chuvas, isso reduz a produtividade. E a seca adiantou o ciclo…”, comentou.

Giovana Velke, que produz soja em Campo Novo do Parecis e Diamantino, disse que alguns produtores já começaram a colheita por conta da seca, e principalmente por terem plantado mais cedo para fazer a segunda safra de algodão.

Ainda assim, ela calcula que menos de 5 por cento das áreas plantadas em Campo Novo do Parecis já estão sendo colhidas.

“O nosso município é muito extenso, tem áreas que estão prejudicadas, não é geral, mas tem pontos que estão deixando produtores preocupados”, disse ela, lembrando que faz 15 dias que não cai uma chuva generalizada.

(Por Roberto Samora)

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