Por Stephanie Nebehay
GENEBRA (Reuters) – Ativistas pediram que Estados-membros das Nações Unidas pressionem a China nesta semana para que explique supostas violações dos direitos humanos, incluindo a suspeita da prisão em massa de um milhão de muçulmanos uigures no extremo-oeste da província de Xinjiang.
O histórico da China será examinado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU na terça-feira pela primeira vez desde 2013, em uma revisão regular que deve focar em seu tratamento às minorias étnicas, especialmente os uigures e tibetanos.
A China diz que Xinjiang enfrenta uma ameaça de militantes islâmicos e separatistas.
O país rejeita todas as acusações de maus tratos em uma área onde centenas foram mortos em conflitos entre os uigures e membros da maioria étnica chinesa Han.
Enquanto negam as alegações de detenções arbitrárias e reeducação política por meio de uma rede de campos secretos, as autoridades têm dito que alguns cidadãos culpados de pequenos delitos têm sido enviados à centros vocacionais para oferecer oportunidades de emprego.
Ativistas criticaram duramente o recorde de direitos de Pequim.
“Nos últimos cinco anos, em geral a situação de direitos humanos na China tem piorado, particularmente no leste do Turquistão (Xinjiang) e no Tibet houve uma deterioração inimaginável”, disse Dolkun Isa, presidente do Congresso Mundial Uighur, com sede em Munique.
Sharon Hom, diretor executivo de Direitos Humanos na China, disse à Reuters no evento: “A detenção de mais de um milhão da etnia uigures é um ponto de inflexão para a comunidade internacional. Eles realmente não podem olhar para o outro lado agora …”
Le Yucheng, vice-ministro das Relações Exteriores, irá liderar a delegação da China na sessão.
“MENSAGEM INEQUÍVOCA”
“O Conselho de Direitos Humanos deve enviar uma mensagem inequívoca ao governo chinês de que sua campanha de repressão sistemática na região autônoma de Xinjiang Uighur, incluindo a detenção arbitrária de até um milhão de pessoas, deve acabar”, disse Patrick Poon, pesquisador da China na Anistia Internacional, em comunicado.
Lobsang Sangay, chefe do governo tibetano no exílio, criticou o mantra do presidente chinês Xi Jinping de “Socialismo com Características Chinesas para uma Nova Era”.
“O socialismo com características chinesas significa ausência de democracia, ditadura de um partido e, essencialmente, nenhum direito humano”, disse Sangay em um discurso no evento de Genebra.
“Se o Conselho de Direitos Humanos da ONU não puder responsabilizar a China pelas violações dos direitos humanos, quem fará isso?”
(Reportagem de Stephanie Nebehay)