Países desenvolvidos que reúnem 14% da população mundial compraram o equivalente a 53% das vacinas mais promissoras contra a covid-19, estimam organizações internacionais de combate à pobreza, como a Oxfam e a UNAids. A diferença de acesso entre os governos que investiram no desenvolvimento dos inoculantes é tamanha, que os mais ricos compraram doses suficientes para proteger suas populações três vezes até dezembro de 2021, casos todos os estudos clínicos se tornarem bem sucedidos. Enquanto isso, nos 67 países pobres, 90% não serão vacinados até o fim de 2021, prolongando a pandemia. “Não é uma surpresa que as nações ricas busquem vacinar suas populações primeiro”, afirma Ian Bremmer, fundador da consultoria Eurasia Group. Mesmo com uma das maiores economias do mundo, o Brasil não faz parte deste grupo.
O Canadá se comprometeu com a compra do suficiente para vacinar cinco vezes seus 38 milhões de habitantes. Mesmo após negar a gravidade da pandemia, os Estados Unidos esperam imunizar 100 milhões de pessoas com a vacina contra a covid-19 até o fim de março. “Teremos imunizado 100 milhões de pessoas até o primeiro trimestre de 2021”, afirmou o chefe da Operação Warp Speed, Moncef Slaoui, à agência Reuters.
A primeira vacina foi autorizada para uso emergencial pelos reguladores dos EUA na noite da última sexta-feira e a distribuição teve início neste domingo (13).
Os planos americanos incluem cerca de 40 milhões de doses da vacina distribuídas até o fim de dezembro de 2020, o que incluiria o imunizante da Pfizer e um da Moderna, cuja autorização para uso emergencial deve sair ainda nesta semana. Outros 50 milhões a 80 milhões de doses serão distribuídos em janeiro, e o mesmo número em fevereiro, disse Slaoui.
Para Bremmer, a melhor alternativa para os países em desenvolvimento estaria no Covax Facility, o consórcio internacional que busca acelerar o desenvolvimento de vacinas contra covid-19 e viabilizar uma distribuição equitativa – da qual o Brasil faz parte, mas investiu nos pacotes básicos. “Imagino que Joe Biden colocará os EUA nas iniciativas da Covax, o que será positivo, mas ainda assim os países em desenvolvimento vão demorar mais para fazer a vacinação”, afirmou.
